A soma das riquezas produzidas pela economia gaúcha no
primeiro semestre de 2019 alcançou 3,8% de crescimento, enquanto o Brasil
cresceu 0,7% no mesmo período. O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do
Rio Grande do Sul nos seis primeiros meses do ano foi fortemente influenciado
pelos desempenhos da agropecuária, que cresceu 7,2% (impulsionada pelas safras
de soja e milho), e da indústria, com crescimento de 5,5% – destaque para a
fabricação de veículos, de implementos e produtos químicos. Desde o
primeiro semestre de 2013, o PIB do Estado não crescia tanto na primeira metade
do ano.
O PIB do segundo trimestre de 2019 foi apresentado na
tarde desta segunda-feira (14/10) pelo Departamento de Economia e Estatística
(DEE) da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). O excelente
resultado, segundo os pesquisadores que elaboraram o indicador, deve ser
comemorado com cautela.
“O crescimento do primeiro semestre de 2019 se deu sobre
uma base deprimida, devido à estiagem e à greve dos caminhoneiros que ocorreram
na primeira metade de 2018”, pondera Roberto Rocha, pesquisador em economia da
Seplag.
Rocha destaca o desempenho do setor automotivo no Estado.
A produção de automóveis, implementos e carrocerias contribuiu decisivamente
para o crescimento de 6,4% da indústria de transformação no período.
A dinamização da agropecuária e de segmentos da indústria
do RS fez com que, no semestre, os serviços crescessem mais do que na média
nacional: 1,8% em comparação com 1,2% do país. O crescimento dos três setores
foi maior no Estado do que no Brasil, evidenciando, mais uma vez, o desempenho
superior da economia gaúcha em 2019, aponta a pesquisa.
O resultado positivo do segundo trimestre deste ano é o
quarto numa sequência que teve início no terceiro trimestre de 2018, logo após
a greve dos caminhoneiros. Desde então, a economia gaúcha cresce em todas as
comparações.
A secretária de Planejamento, Leany Lemos, destacou que o
resultado mostra a “força da economia do Estado” e que a divulgação do
indicador pelo DEE faz parte da estratégia da pasta de “para melhorar a gestão
pública, aumentar o volume de informações qualificadas para a sociedade e dar
base para decisões do setor privado”.
Leany reforça todas as medidas que vêm sendo tomadas para
reformar a máquina pública e auxiliar na atração de investimentos: “se não
equacionarmos a crise fiscal, o governo estadual não poderá realizar os
investimentos fundamentais ao crescimento da economia”. O DEE deverá apresentar
até o final deste mês uma análise mais aprofundada da conjuntura econômica.
Em relação ao trimestre imediatamente anterior (2°
trim./2019 sobre o 1° trim./2019), o crescimento do PIB foi de 1,4%. Neste
comparativo, a economia nacional evoluiu tão somente 0,4%. Mais uma vez, a
agropecuária (6%) teve o melhor desempenho proporcional na comparação aos três
primeiros meses do ano, enquanto a indústria ficou 1,1% positivo, mesmo assim
ainda acima do desempenho do país. O setor de serviços cresceu 0,3% no RS no
segundo trimestre em comparação ao trimestre que o antecedeu, reproduzindo a
mesma expansão acanhada verificada em todo o Brasil.
Quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado (2° trim./2019
sobre 2° trim./2018), o crescimento da economia gaúcha chegou a 4,7%. O país,
considerando o mesmo período de um ano para o outro, teve variação positiva de
1%. Em virtude do crescimento verificado em atividades de grande peso na
arrecadação tributária, como a indústria de transformação e o comércio, o
volume dos impostos sobre produtos no RS subiu 5,7%, enquanto, no Brasil, essa
taxa foi de 1,7%. Com isso, o Valor Adicionado Bruto (VAB) do Estado cresceu
4,6%, bem acima da variação do Brasil, que foi de 0,9%.
Neste quadro comparativo, a economia gaúcha apresentou
crescimento nos três setores, com destaque para a agropecuária e a indústria.
Porém, também nesse aspecto, os pesquisadores do DEE salientam que esta
expansão se deu a partir de uma base baixa em 2018, consequência da estiagem
que afetou a produção agrícola e da greve dos caminhoneiros, que impactou
negativamente a produção industrial. Em relação ao mesmo trimestre do ano
passado, as duas atividades com pior desempenho foram a indústria extrativa,
com queda 5,5%, e a construção, com variação positiva de 0,1%.
Acumulado do ano
A taxa acumulada em quatro trimestres do PIB gaúcho ficou
em 3,9%, o que demonstra um processo de recuperação da economia gaúcha. A
expansão no período de um ano (até junho de 2019) foi resultado do crescimento
da agropecuária (6,2%), da indústria (5,8%) e dos serviços (1,6%). Comparando
com a trajetória da economia brasileira pós-crise, nota-se que o RS apresenta
uma recuperação mais acelerada, notadamente quando comparada com a estagnação
do desempenho nacional neste ano, diz o estudo.
Para a chefe da Divisão de Indicadores Estruturais do
DEE, Vanessa Sulzbach, “apesar de estarmos com crescimento significativo há
quatro trimestres seguidos, a tendência é de que as taxas se arrefeçam a partir
do terceiro trimestre de 2019, em parte porque a influência da agropecuária se
concentra na primeira parte do ano, e também porque os indicadores mais
recentes da indústria já sinalizam uma certa desaceleração em alguns segmentos”.
Além disso, acrescenta, as perspectivas para a economia brasileira, importante
mercado dos produtos gaúchos, dão conta de um crescimento inferior a 1%.
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