"A primeira vez que me enganares, a culpa será tua; já da segunda vez, a culpa será minha", diz um provérbio árabe.
Num ato de campanha, em Maceió/AL, Lula contou que, em 1998, intercedeu junto a Renan Calheiros, então ministro da justiça, para libertar os dez guerrilheiros que sequestraram o empresário Abílio Diniz, os quais Lula chama de "meninos" e de "jovens que cometeram um erro".
O erro dos "meninos" foi manterem Diniz confinado por seis dias num caixote com um buraco em cima e um ventilador para jogar ar para dentro, onde ele não podia ficar de pé; e torturá-lo com música alta todo o tempo e com um dispositivo de luz que iluminava a caixa.
E qual era a idade dos meninos do Lula? Os canadenses David Robert Spencer e Christine Gwen Lamont, 38 e 41 anos, respectivamente; os irmãos argentinos Humberto Paz e Horácio Paz (que planejaram o sequestro), 34 e 39; os chilenos Ulisses Acevedo, 33; Maria Marchi Badilla, 43; Pedro Lembach, 35; Héctor Collante, 35; e Sergio Urtubia, 34. Raimundo Roselio Freire, o único brasileiro do grupo, tinha 24 anos.
Pois esses "jovens", todos guerrilheiros ligados ao MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria), que, em dezembro de 1989, sequestraram e torturaram o empresário Abílio Diniz, "lutavam" pela implantação de ditaduras socialistas na América Latina.
Mas, em 09/03/2010, entrevistado pela Associated Press, Lula afirmou que greve de fome não é pretexto para libertar presos: só que aí eram presos políticos de uma ditadura socialista, a Cuba de Fidel Castro.
"(...) a greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem a liberdade", disse ele.
Mais do que se contradizer, Lula deu uma de malandro e usou sua lábia para enganar, comparando presos políticos (cubanos) com presos comuns de S. Paulo que cometeram crimes apurados pela polícia e, mesmo que haja imperfeições processuais, tiveram um julgamento com direito a defesa.
Detalhe. A esquerda é formada por cabeções, que buscam o poder para implantar um Estado socialista (são os que articulam o argumento de viés populista); e pela massa que, sem compreender tais maquinações, acredita de boa-fé nas promessas falaciosas desses líderes.
Aí vem Lula e mostra que, para a esquerda, crimes úteis a seus fins são justificáveis, visão autoritária e amoral que foi defendida pelo "filósofo" György Lukács, para quem a classe revolucionária não deve obedecer à lei, mas apenas seguir as circunstâncias da luta de classe.
Fica claro que a esquerda revolucionária, hábil em adular o povo e falar o que se quer ouvir, não respeita as liberdades individuais, mas acaba com a segurança jurídica e desrespeita os direitos fundamentais.
Resta perguntar: quantos ainda se deixarão enganar com as promessas populistas de um líder que já provou desprezar a verdade, debochar da lei, rejeitar a conduta digna e tolerar o crime?
Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.
E-mail: sentinela.rs@outlook.com
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