Virginia

- Reportagem de Rafael Balago, Folha. 

A vitória de Glenn Youngkin na eleição da Virgínia, nesta terça (2), acendeu um alerta para os democratas: a

tática de atrair eleitores com o argumento de que a volta do trumpismo era possível não funcionou. E o foco

da campanha do republicano nas chamadas guerras culturais, tática frequente de Donald Trump, foi capaz de

mobilizar apoiadores mesmo sem o nome do ex-presidente na cédula.

Youngkin venceu por margem estreita. Com estimados 97% dos votos apurados, ele marcou 50,7% de

preferência, contra 48,6% do democrata Terry McAuliffe —diferença em torno de 60 mil eleitores, em um

estado de 8,5 milhões de habitantes. O republicano teve resultado expressivo em áreas de domínio democrata

nos últimos anos, como Virgínia Beach, uma das maiores cidades do estado.

O candidato republicano ao governo da Virgínia, Glenn Youngkin, em encontro com apoiadores durante a

apuração dos votos - Chip Somodevilla - 2.nov.21/Getty Images/AFP

O resultado aponta que o efeito mobilizador de abordar aspectos culturais da sociedade —no caso da

Virgínia, a defesa das crianças frente a supostas doutrinações no ambiente escolar— continua eficiente em

eleições.

Em uma campanha que começou com o democrata à frente nas pesquisas, a educação se tornou ponto

decisivo para a virada republicana. Youngkin explorou bastante, na reta final da campanha, uma frase do

rival democrata dita em um debate em outubro: "Não acho que os pais deveriam dizer às escolas o que elas

deveriam ensinar".

Em resposta, o republicano buscou estimular a sensação de que as crianças estão sob risco. "Recebo

mensagens e ligações de pais de todo o país, dizendo: 'Glenn, se posicione por nossas crianças, elas não

podem esperar mais'. Temos visto escolas fechadas, o currículo se tornar algo que não reconhecemos,

materiais nas aulas que são completamente inaceitáveis", disse, em um comício.

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O candidato passou a enfatizar que ampliaria a participação dos pais na definição do currículo escolar e

prometeu proibir o ensino da teoria crítica da raça para alunos dos níveis iniciais —ainda que esse tema não

integre o currículo estadual. Um comercial da campanha mostrou a revolta de uma mãe ao descobrir que seu

filho, um aluno de ensino médio, teria de ler como atividade escolar um livro sobre a escravidão que inclui

relatos explícitos de sexo.

"Havia um contraste forte entre os dois candidatos em muitas questões, mas talvez nenhuma mais importante

do que a educação", avalia Tommy Binion, vice-presidente do Heritage Foundation, centro de pesquisas

conservador. "Em um momento em que a esquerda quer dar mais controle aos burocratas do governo, os

conservadores construíram um argumento vitorioso de que os pais devem estar no comando da educação de

suas crianças."

Na campanha, o republicano também enfatizou que pretendia melhorar o combate ao crime, gerar empregose

baixar o preço de produtos cotidianos —como itens de mercado e combustível— ao reduzir os impostos

estaduais. O encolhimento do Estado é também uma das bandeiras de Trump.

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