"Diretor da Petrobrás dizia que era para pagar propina por ordem de Lula",diz ex-presidente do PP

O ex-deputado federal Pedro Corrêa, do PP de Pernambuco, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa – primeiro delator da Operação Lava Jato – dizia que “era o Lula que mandava” ao justificar o pagamento de propinas da área distribuídas ao PT, ao PMDB e ao PSDB. Citou os pagamentos de R$ 1 milhão à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e de R$ 10 milhões ao ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), morto em 2014.
“Fazia negócio com todo mundo, fazia conosco (PP) porque a gente apertava muito ele, mas a agente sabia que ele tava fazendo para os outros, mas ele dizia que era o Lula que mandava”, afirmou Corrêa em vídeo gravado pela Procuradoria da República, no dia 1º de setembro.
Os vídeos foram anexados nesta quinta-feira, 15, à primeira denúncia criminal contra Lula, apresentada ontem, em Curitiba, por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema Petrobrás. O ex-deputado fez acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) no início do ano e aguarda homologação dos termos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ele (Paulo Roberto) dizia ‘esse negócio da Gleisi Hoffman (senadora do PT e ex-ministra da Casa Civil) dar R$ 1 milhão foi o presidente Lula que mandou fazer”, afirmou Corrêa, que concordou, mesmo sem ter sua delação ainda homolagada, depor para a força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, nas investigações de Lula.
A senadora, principal defensora da presidente cassada Dilma Rousseff no processo de impeachment, é alvo de investigação da Lava Jato, na Procuradoria Geral da República (PGR), após Costa e o doleiro Alberto Youssef citarem a entrega de R$ 1 milhão em dinheiro vivo para ela e para o marido Paulo Bernardo, ex-ministro da Comunicação e do Planejamento). Os valores teria saído do caixa de propinas da Diretoria de Abastecimento controlada pelo PP.
A ex-senadora nega recebimentos de propinas.
PSDB. Corrêa citou também que no episódio de repasse de R$ 1o milhões para ex-presidente nacional do PSDB, senador (morto em 2014) Sérgio Guerra para abafar a primeira CPI da Petrobrás, entre 2009 e 2010.
“Esse negócio da CPI da Petrobrás que ele mandou dar o dinheiro para o Sérgio Guerra, ele dizia que era o presidente Lula que tava mandando fazer isso.” O dinheiro teria saído do caixa do PP de propina no esquema Petrobrás.
Em outra ocasião, o partido informou que defende as apurações de ilícitos e que as arrecadações do PSDB são legais e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Corrêa conta que no início do governo Lula foi acertado que a Diretoria de Abastecimento era cota do PP, no esquema de loteamento político da estatal em troca de apoio ao governo no Congresso. Entre 2005 e 2006, depois de ter ficado doente e quase perder o cargo na estatal, Paulo Roberto teria passado a atender outros partidos.
Pluripartidário. “Ele botou na cabeça que ia ser presidente da Petrobrás. Ele atendeu o PT, o PMDB, o PDT, o PSDB, o partido que quisesse, ele quis formar uma bancada para ele, no sentido de chegar à presidente da Petrobrás.”
A procuradora da República Laura Tessler, da equipe da Lava Jato, em Curitiba, quis saber se Paulo Roberto teria tirado recursos da parcelo do PP no esquema quando passou a atender outros partidos como PT e PMDB
“Ele era sócio do PP e passou a fazer…, e dizia que era o Lula que mandava. E nós fomos em cima do Lula”, explicou o delator. O depoimento é do início do ano, mas foi anexado como um dos elementos de prova de que o ex-presidente tinha conhecimento e se beneficiava do esquema de corrupção.
“Ele (Lula) dizia ‘a diretora era muito grande, tinha que atender os outros também. Mas nunca confirmou que tinha mandado atender”, respondeu Corrêa.
“O Lula falou isso?”, questionou a procuradora.
“Falou. Que a diretoria era muito grande e tinha que atender a base aliada todo. O cargo era do partido, a maioria de tudo era do partido, mas tinha que atender a bancada toda, como as outras diretorias indicadas pelo PT tinham que atender o PP. O presidente levava de barriga né, sabia que … ninguém rompia, porque estavam recebendo recursos, ele sabia disso.”

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