Artigo, Denis Rosenfield, Estadão - O PT e o PCC


      O PCC está fazendo escola. Estabeleceu uma forma de organização presidida por criminosos em presídios que dão ordens a todos os seus membros. Comandam, da carceragem, toda uma série de operações que são executadas por comparsas que agem enquanto homens livres. O seu raio de ação abarca o território nacional, graças a uma hierarquia claramente estabelecida, estendendo os seus braços, inclusive, para o exterior, como é o caso do comércio de armas e do narcotráfico. Presidente é presidente, independentemente de ser presidiário. Chefe é chefe e, enquanto tal, deve ser obedecido.
      Seria de se esperar que este modelo de atuação, além de ser devidamente combatido, deveria ficar restrito à sua esfera específica de influência. Evidentemente, a segurança do país disto depende. Ora, este modelo, para surpresa geral, foi imitado pelo PT e, em particular, por seu chefe, que segue, do ponto de vista formal, os mesmos moldes de operação.
      O que menos se poderia esperar é que a política seguisse o modelo de uma organização criminosa. A política, em sua inspiração ateniense, seria um modo público de congregação pública através da razão, e não o apêndice de um partido que chama para si toda uma hegemonia através da ação de um presidiário. Presidiário condenado em todas as instâncias legais e constitucionais do país, tendo exercido o seu livre direito de defesa e sustentando publicamente suas posições graças, em boa medida, a uma mídia e a jornais complacentes.
      O Ex-presidente Lula, condenado, está cumprindo pena. Goza, porém, de condições carcerárias não autorizadas para outros cidadãos. Trata-se de um criminoso especial. Costuma falar da igualdade de todos os brasileiros, mas não aceita, de modo nenhum, ser considerado um igual. Acima de todos os cidadãos e acima, inclusive, das leis de seu próprio país.  A sua cela tornou-se um centro de comando, com a anuência das autoridades públicas que deveriam ter exercido um controle sobre esta falta de limites morais e jurídicos. Recebe partidários mascarados de advogados, com os quais discute a estratégia partidária a ser seguida. De lá emanam ordens que vão ser, depois, seguidas pelo partido. Ao contrário do PCC que guarda o sigilo, Lula e o PT fazem isto à luz do dia.
      Não deixa, contudo, de causar espanto o fato de o PT prestar-se a tal serviço. Historicamente, o partido apresentou-se, em um passado que parece agora remoto, como o partido da ética na política. Dizia aceitar os valores da democracia representativa e transmitia a imagem de uma nova vida partidária, encarregada de regenerar o país. Muitos caíram nesse encantamento e chegaram, inclusive, a ser considerados como parceiros socialdemocratas dos tucanos, apesar de relutarem em aceitar tal denominação.
      A queda foi vertiginosa, tornando-se a corrupção e o desvio dos recursos públicos um meio de governar e de fazer avançar um projeto próprio de Poder, à revelia dos mesmos valores e princípios que outrora dissera defender. A questão, aliás, que deveria ser colocada por aqueles que permanecem aderindo a esses valores e princípios reside em como obedecer ordens de uma organização partidária que segue o modelo do crime. Ou o PT enfrenta seriamente esta questão ou estará programaticamente e moralmente perdido.
      Ocorre que a corrente majoritária no partido adotou o modelo de atuação do PCC. Ordens de comando de dentro da carceragem são transmitidas para fora e obedecidas. A narrativa ainda mantém o ranço das posições socialistas/comunistas em sua nova roupagem do “nós” contra “eles”, dos “ricos” contra os “pobres”, dos “progressistas” contra os “conservadores”. Só uma academia cega ideologicamente consegue aceitar e propagar tais disparates, além dos propriamente incultos por falta de informação e formação.
      A narrativa politicamente correta é a que ampara as ações internacionais desta organização. Criminosos comuns fazem isto pelo contrabando, pela violência e pela completa ilegalidade. Essa esquerda o faz via uma transmissão ideológica amparada por uma suposta defesa dos direitos humanos, sustentada por acadêmicos que comungam da mesma confissão e fanatismo. O artifício não deixa de ser eficaz, embora não perca a sua perfídia.
      A operação internacional foi feita a partir de uma atuação junto a uma “Comissão de Direitos Humanos”, cujas recomendações não são vinculantes e, sobretudo, não se sobrepõem ao ordenamento jurídico do país. Ora, utilizando-se de seus contatos ideológicos, o PT conseguiu que dois ditos peritos desta “Comissão” de 18 membros, declarassem Lula como usufruindo de direitos políticos para disputar eleições, quando isto está expressamente vedado pela Lei da Ficha Limpa pelo mesmo Lula promulgada quando presidente. Seria hilário, não fosse dramaticamente real.
      Imaginem se a moda pega nesta “Comissão” e no “Conselho dos Direitos Humanos” da mesma ONU. Aliás, este último é constituído por países que são costumeiros na violação dos verdadeiros direitos humanos, como integridade física das pessoas, violência generalizada, desigualdade entre homens e mulheres, ausência de liberdade de imprensa e de expressão e assim por diante. Junta-se assim uma maioria de países que não comunga de nenhum valor de liberdade e de democracia, que imporia ao Brasil uma “decisão” tomada por um grupo de esquerdistas deste naipe, alguns francamente religiosos.
Compartilhando das posições de um editorial deste mesmo jornal, de boa hora o General Villas Boas, Comandante do Exército, insurgiu-se contra tal postura, afirmando que a soberania nacional não é negociável, nem pode estar subordinada a nenhuma organização externa, muito menos a de um grupo de esquerdistas que procura minar internamente o Estado Democrático de Direito. Cumpriu com sua missão constitucional, expondo com clareza os perigos que assolam nosso país. Mais vale um alerta lúcido do que as consequências nefastas de uma renúncia à soberania

Um comentário:

  1. A identidade entre partidos esquerdistas e o crime organizado, incluindo esses espėcimes exemplificado, não se limita a coincidências fortuitas no MO. São carnais, regulares e prevista na teoria leninista.

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