Advogado
Desde sempre,
estudos históricos e sociais têm ensinado acerca de consequências relacionadas
ao sentimento do medo. Tanto em ameaças físicas quanto psicológicas, a sensação
de medo desperta alertas e reações surpreendentes.
Diante de um
fato novo, estranho e desconhecido, fora da rotina, e face à incapacidade de
dimensionar suas consequências imediatas e futuras, flui naturalmente o
sentimento de ansiedade, estranhamento e medo.
Este humano
sentimento pode ser relacionado aos fatos sociais e políticos mais recentes no
cenário nacional e internacional. Exemplos.
As reações relativamente à onda migratória (da África e do Oriente Médio,
especialmente) que atinge e envolve praticamente toda Europa.
As reações face
à eleição, governo e retórica do republicano, conservador e empresário Donald
Trump, presidente dos Estados Unidos. Aliás, candidato e favorito à reeleição.
Neste sentido,
no meio jornalístico, acadêmico e político-ideológico, em especial, predomina
o entendimento de que estas reações
populares e eleitorais caracterizariam o que se denomina em política, regra
geral, como que de "comportamento e ação de direita".
Discordo e
observo. Mesmo países com histórica tradição de prática política não
conservadora, com reiteradas eleições de governos liberais e de esquerda,
surpreenderam com novas maiorias.
Novas maiorias
agora nominadas de conservadoras e de direita. Por que a maioria do povo teria
mudado de opção se havia uma habitual prática anterior?
Não por acaso,
por cautela, com certeza, mesmo governos não conservadores também estabeleceram
restrições aos prováveis migrantes.
Logo, entendo
que não é ideológica (no sentido da tradicional divisão do espectro político) a
reação popular e conservadora européia e norte-americana, por exemplo.
É simplesmente
o medo. Não bastasse o desemprego atual (fator principal de restrição
migratória), ainda impera o temor da violência aleatória (diferenças e
conflitos étnicos e religiosos).
Recentemente,
mesmo os brasileiros, sempre elogiados pelo bem-receber, estranharam a onda
migratória venezuelana. Recordem a reação do povo de Roraima.
Evidentemente
que, do ponto de vista político-eleitoral, haverão de colher dividendos nas
urnas aqueles que alertavam quanto às consequências para o meio e modo de vida
local.
Ainda que
agindo de modo preconceituoso e demagógico, às vezes. Afinal, a manipulação do
medo ( e da desestabilização social) se dá tanto à direita quanto à esquerda
das opções político-ideológicas.
Concluindo. Se o motor da história em
Karl Marx é a luta de classes, em Thomas Hobbes é o medo. Ou, então, em Erich
From é o medo à liberdade.
O medo faz com
que dominemos e sejamos dominados. Pior, o mesmo medo que salva é o medo que
pode matar!
PARABÉNS, EXCELENTE COMENTARIO,CONCORDO,QUEM SOUBER TRABALHAR COM ESTAS CONSTATAÇÕES E PERCEPÇÕES DESEQUILIBRA O JOGO POLITICO.
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