"Nós nunca vamos ter estabilidade se tivermos
desigualdade", disse o empresário Jorge Paulo Lemann em palestra na
Universidade Harvard em Cambridge (EUA).
Dono de uma fortuna de US$ 30,9 bilhões, Lemann é o homem
mais rico do Brasil e ocupa a 19ª posição no ranking mundial, segundo a revista
"Forbes". O empresário, de 76 anos, é acionista da Anheuser-Busch
InBev, a maior cervejaria do mundo.
Lemann considera que a redução da desigualdade deveria
ser o "maior sonho para o Brasil".
"Eu moro na Suíça e é ótimo viver numa sociedade em
que há muito mais igualdade." Ele reconheceu que a maioria dos suíços é de
classe alta.
"São pessoas ricas, há poucas pessoas pobres, mas,
apesar de não serem iguais, todos têm as mesmas chances. Todos estudam nas
mesmas escolas, todos vão aos mesmos médicos. É uma sociedade muito mais
feliz."
O comentário de Lemann foi parte da resposta a uma
pergunta do consultor empresarial Jim Collins, que o entrevistou no painel.
"Se o Brasil estivesse no seu portfólio, quais
seriam as três principais mudanças que o 3G [fundo de investimentos que ele
administra] faria para melhorar o país?", questionou Collins.
Lemann disse que não entende de política e que nunca
ocupou cargos, mas emendou: "A fórmula básica é juntar um bom grupo de
pessoas para administrar as coisas, ter um grande sonho, seguir as informações
certas e assumir alguns riscos".
O empresário disse que o "risco" que correria
seria juntar um grupo de jovens competentes que pudessem trabalhar juntos,
mesmo com ideias diferentes.
"O Brasil não é um país de esquerda nem de direita.
O único caminho é pelo centro."
Questionado sobre como o Brasil pode aproveitar a crise
atual para melhorar, Lemann disse: "Eu acho que vai ter muita mudança
política nos próximos dois anos. Há uma oportunidade para aparecerem novos
rostos, novas pessoas, novas ideias."
Lemann disse que se arrepende de não ter tido mais
participação política em sua vida, mas que delega isso aos mais jovens.
"Vão lá e arrumem o Brasil. Se nós nos juntarmos e tivermos grupos de
pessoas que pensam diferente, mas que conversem, e que sejam mais pragmáticas,
nós poderemos construir um país maravilhoso."
Jorge Paulo Lemann e Jim Collins estiveram na mesa de
fechamento da Brazil Conference. Organizada por estudantes brasileiros da
Universidade Harvard e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a
conferência reuniu empresários, políticos e pensadores para discutir o futuro
do Brasil.
Os dois falaram sobre suas carreiras no mundo empresarial
e deram conselhos à plateia, formada principalmente por estudantes brasileiros
que vivem nos EUA.
A modelo Gisele Bündchen, que mora em Boston, assistiu à
palestra e foi convidada a se juntar à mesa no final, quando falou de sua
trajetória e que sempre "trabalhou duro" em sua vida
profissional.
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