Mateus Bandeira: O que se passa no Brasil Corrupto.


"Se você analisa as delações da JBS, as da Odebrecht e as das demais empreiteiras, a conclusão é mais ou menos a seguinte:

O Brasil foi dividido entre cinco grandes quadrilhas nas últimas duas décadas.

A maior e mais perigosa é a do PT. Era a mais estruturada, mais agressiva, mais eficiente e com planos de perpetuação no poder. Comandava a Petrobras, vários fundos de pensão e dividia o poder com as quadrilhas do PMDB nos bancos públicos. Sua maior aliada econômica foi a Odebrecht.
O chefão supremo era o Lula. Palocci e Mantega eram os operadores econômicos, o Comando Vermelho da política: pra se manter na presidência eram capazes de fazer o Diabo.

A segunda maior é a do PMDB da Câmara. Seus principais chefões eram Temer e Eduardo Cunha. Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Moreira Franco e Henrique Eduardo Alves eram os subchefes e Lúcio Funaro era o operador financeiro. Mandavam no FI-FGTS, em diretorias da Caixa Econômica, em fundos de pensão e no ministério da Agricultura. Por causa do controle desse último órgão, tinha tanta influência na JBS. Era o maior filão dos políticos ou seja, mais entranhada nos esquemas do poder tradicional e mais disposta a acordos e partilhas.

A terceira é a do PMDB do Senado, o chefões são Renan Calheiros e José Sarney.
Edison Lobão, Jader Barbalho e Eunício Oliveira também são figuras de proa. Mandavam nas empresas da área de energia e tinham influência nos fundos de pensão e empreiteiras que atuavam no setor. Vivem às turras com a quadrilha do PMDB na Câmara, que era maior e mais organizada.

A quarta é o PSDB paulista.
Tinha grande independência das quadrilhas de PT e PMDB porque o governo de São Paulo é terreno fértil em licitações e obras.
A empresa mais próxima do grupo era a Andrade Gutierrez, mas também foi financiada por esquemas com Alstom e Odebrecht.

A quinta e última é o PSDB de Minas. Era uma quadrilha paroquial, comandada por Aécio e Azeredo (até ser condenado) com raio de ação mais restrito, mas ainda assim mandam em Furnas e usam a Cemig como operadora de esquemas nacionais, como o consórcio da hidrelétrica do Rio Madeira.

Em torno dessas "big five" flutuavam bandos menores, mas nem por isso menos agressivos em sua rapinagem como o PR, que dava as cartas no setor de Transportes, o PSD do Kassab, que influenciava ministérios poderosos como o das Cidades, o PP, que compartilhava a Petrobras com o PT, e o consórcio PRB-Igreja Universal, que mantinha interesses na área de Esportes.

Havia também os bandos estritamente regionais, que atuavam com maior ou menor grau de independência em relação aos nacionais. O PMDB do Rio com seu perigoso comandante Sérgio Cabral chegou a ser mais poderoso que os grupos nacionais.
Fernando Pimentel comandando uma subquadrilha petista em Minas.
O PT baiano também tinha voo próprio. Elas se diferenciam das quadrilhas tucanas que estavam apenas circunstancialmente restritas aos territórios que comandavam mas sempre tiveram aspirações e influência nacionais.

Por fim, vinham parlamentares e outros políticos do Centrão, que eram negociados de maneira transacional no varejo: uma emenda aqui, um caixa 2 ali, uma secretaria acolá...

Isso não reduz a importância do PT e o protagonismo do Lula nos crimes que foram cometidos contra o Brasil. Lula tem de ser preso e o PT tem que ser extinto.

Mas ninguém pode dizer que é contra a corrupção se tolerar as quadrilhas do PMDB ou do PSDB em nome da "estabilidade", "das reformas" ou de qualquer outra tábua de salvação que esses bandidos jogam para si mesmos.

E que ninguém superestime as rivalidades existentes entre esses cinco grandes grupos que, pela própria sobrevivência são capazes de qualquer tipo de acordo ou acomodação e farão de tudo para obstruir a Lava Jato."

3 comentários:

  1. Eu não entendo o motivo pelo qual o texto utiliza, quase que frequentemente, os verbos no pretérito. As quadrilhas não deixaram e não deixarão de existir. Todas continuam firmes e fortes. No mais, representa nossa triste realidade atual e projeta um futuro sombrio para as próximas gerações.

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  2. E a(s) quadrilha(s) do RS ? Vamos lá, coragem.

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