A democracia brasileira está a serviço do Estado e não
dos indivíduos que compõem a sociedade. O processo eleitoral e as instituições
ditas republicanas servem para manter a sociedade à mercê e a serviço do
Estado. Até então, com raríssimas exceções, pudemos ver que aqueles que buscam
penetrar no círculo fechado do poder estatal, para lá vão com o intuito de se aproveitar
dele para poderem manter um nível de qualidade de vida superior.
No Brasil, nunca se viu qualquer movimento coordenado
para acabar com a escravidão consentida, a submissão sancionada pelas vítimas
que tentam manifestar suas vontades através do sistema democrático, sabidamente
viciado por instituições pervertidas.
O jogo do poder no Brasil é feito com cartas marcadas,
não bastará mudar a retórica, reescrever a narrativa, será necessário colocar a
estrutura político-institucional abaixo, para construir sobre ela uma nova
matriz, fundamentada em princípios outros, como aqueles que permitem que uma
sociedade seja composta de indivíduos livres e independentes, não submetidos,
incondicional e indevidamente, à coerção do Estado, mas também não premiados pela
indolência do Estado quando alguns desses mesmos indivíduos usam de força ou de
fraude para ganhar o que não lhes compete.
Um Estado que tudo pode, precisa de uma sociedade servil
que tudo aceita. A luta por liberdade começa com a adequação do papel do Estado
e, no Brasil, isso nunca foi feito. O papel de protagonista no cenário
socioeconômico brasileiro sempre foi reservado ao Estado e àqueles que o
integram ou em torno dele orbitam.
As leis que forjam a dinâmica do nosso sistema político,
eleitoral e, por consequência, econômico, são leis anti-naturais, são
deturpações propositadas impostas com o objetivo de desumanizar os indivíduos
em prol de um corpo e uma mente coletiva, existente apenas como abstração na
consciência daqueles que querem deter o poder para dirigir vidas alheias para o
seu próprio bem-estar. Isso só é possível se esses, que colocam suas vidas,
voluntária e pacificamente, sob o domínio e o controle do Estado, mantém-se
evasivos e alienados do que consiste ter a oportunidade única de existir.
Não fomos premiados por singamias ocasionais para
servirmos o Estado. Se não estamos aqui para lutar e viver como seres humanos,
como indivíduos racionais dotados de direitos inalienáveis, deveríamos então
ter nascido como ratos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário