O ensino brasileiro está estagnado entre os piores do
mundo, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
(Pisa), maior pesquisa global de educação. Realizado a cada três anos, o Pisa
avalia o desempenho de alunos de 15 anos em 70 países nas disciplinas de
matemática, leitura e ciência.
A cada edição, o programa dá ênfase a uma dessas três
áreas de conhecimento. Este ano, o destaque foi para ciências. Nesta
disciplina, a nota do Brasil caiu de 405, em 2012, para 401, o que deixou o
país em 63º lugar do ranking. Em leitura, o rendimento dos estudantes
brasileiros teve queda de 410 para 407 pontos, ficando na 59º colocação. Já a
nota de matemática caiu de 391 para 377, o que deixa o Brasil em 65º da lista
do Pisa na disciplina.
As quedas na pontuação estão dentro da margem de erro do
Pisa, segundo os próprios organizadores da avaliação. Mas deixam claro que o
ensino brasileiro está parado em uma situação crítica. O Brasil simplesmente
estagnou em leitura e ciências desde 2000 e 2006, respectivamente, quando o
exame ressaltou pela primeira vez o conhecimento nessas disciplinas. Na
matemática, a avaliação é de que o país avançou de 2003 em diante, subindo 6,2
pontos ano em média por edição do exame, mas caiu 11,4 pontos de 2012 para a
nota atual.
O ranking leva em conta a nota atingida em cada área de
conhecimento. Mesmo quando dois ou mais países obtiveram a mesma pontuação,
foram distribuídos na listagem em posições consecutivas. Países asiáticos, como
Cingapura e Japão, dividem as dez primeiras posições nas três áreas de
conhecimento com nações como Finlândia, Canadá e Suíça. Divulgado nesta terça,
o Pisa é promovido pela Organização de Cooperação para o Desenvolvimento
Econômico (OCDE).
O mais assustador é observar a quantidade de estudantes
brasileiros que não alcançam o mínimo de conhecimento em cada disciplina
avaliada. Mais de 70% dos nossos alunos não atingiram, em matemática, o nível 2
na escala de proficiência do Pisa. De acordo com os padrões do programa, isso
quer dizer que eles não detém o mínimo de conteúdo naquela área para sequer
exercer sua cidadania. Em ciência, 50% dos estudantes também não alcançaram o
nível 2. Já em leitura, 51% dos adolescentes também não foram capazes de chegar
a esse patamar.
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Para a secretária-executiva do Ministério da Educação,
Maria Helena Guimarães, os resultados do Pisa revelam que o Brasil parou de
avançar na área desde o início do século. Ela criticou o governo petista, mas
reconheceu melhorias em relação à taxa de frequência escolar no período:
— Depois de 15 anos do início do Pisa, considerando que
13 anos foram do governo anterior, o desempenho não melhorou. Tivemos melhoria
do fluxo escolar, com mais alunos de 15 anos no ensino médio, o que é
importante, mas estamos estagnados na qualidade — avalia.
Feito a cada três anos, o Pisa é um exame internacional
que testa as habilidades e conhecimentos em matemática, leitura e ciências de
estudantes de 15 anos. Em 2015, há dados para 70 países ou territórios (como
Chipre e municipalidades chinesas reunidas como um só participantes), sendo que
35 Estados são membros da OCDE. A última edição do teste se concentrou em
ciências, mas também traz resultados das outras duas áreas de conhecimento. No
Brasil, 23.141 estudantes de 841 escolas participaram do exame, feito por
computador.
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