Vejo que vários meios de comunicação voltaram a discutir o dado da Vigisan, que alega à existência de 33 milhões de pessoas passando fome. Vamos retomar nossa análise de uma forma mais sintética dessa vez.
Já relatei o comportamento, no mínimo, esquisito do indicador de Insegurança Alimentar produzido pela Vigisan. Ele se descola de seu determinante histórico, a extrema pobreza, no pós 2018. Até 2018 a diferença entre eles era de 2 p.p. e passando para 14 p.p no pós 2018.
Vamos prestar atenção no que acontece entre 2018 e 2020: a insegurança alimentar da Penssan cresceu 3,2 pontos, enquanto a extrema pobreza cai caiu 1 ponto percentual. Vamos pensar sobre o aconteceu nesse período, em específico, durante a pandemia de Covid19.
Em 2020 foram gastos quase R$ 300 bilhões com o pagamento do auxílio emergencial (valor 7 vezes superior ao gasto com programa Bolsa Família na época), atendendo mais de 68 milhões de brasileiros (1/3 da população do país).
Se focarmos apenas nos beneficiários do programa social da época, o Bolsa Família, esse gasto propiciou um aumento na renda média recebida por essas famílias de mais de 480%, passando de um ticket médio de R$ 189 para R$ 908, o que pode ser atestado pelos dados da PNAD Covid.
E nesse ponto não estou considerando outras ações com impactos sociais, tais como, os gastos com o Benefício Emergencial (Bem), que garantiu os rendimentos e o emprego de mais de 11 milhões de trabalhadores só em 2020.
Em resumo, a redução da extrema pobreza e o ganho de renda propiciado pelo auxílio emergencial não são compatíveis com o aumento da insegurança alimentar.
Mas as inconsistências não param por aí.
Vejamos o que aconteceu em 2021, usando as informações contidas no próprio relatório divulgado:
Em 2021 os dados da Vigisan apontam um crescimento de 6 p.p. no Insegurança alimentar, se deslocando ainda mais dos indicadores de extrema pobreza. Chama ainda mais atenção os argumentos que sustentam o crescimento da insegurança alimentar nesse período específico.
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