O Internacional, a falta de título e a politicagem
Por Facundo Cerúleo
Será que a demissão de Mano Menezes reflete mais uma crise no Colorado?
A troca ocorreu só após a 15ª rodada do campeonato. Para alguns, deveria
ter sido depois do chocolate no Grenal do Brasileirão ou mesmo após o
fiasco da desclassificação do Inter pelo América Mineiro na Copa do
Brasil. Mas se, nesses momentos, já havia motivo para demitir o técnico,
por que demorou tanto?
Muito respeito, tchê!
Estamos falando de um clube centenário, com uma história simplesmente
admirável. Mas há quanto tempo o Internacional não ganha título (um
Gauchãozinho sequer)? A menos que vença a Libertadores, tarefa quase
impossível na atual conjuntura, 2023 será mais um ano sem título. Poderá
o temperamental Eduardo Coudet, contratado para substituir Mano, fazer
mágica e salvar a temporada do Inter?
A coisa é complicada...
Crise ou não, cheira a improviso e a gestão temerária. Sabemos qual é o
padrão dos clubes. Vale para Inter, para Grêmio e outros:
profissionalismo dentro de campo; fora dele, gestão amadora. E
muita politicagem! O normal é que se formem grupos para disputar a
direção. E aquele que se elege trabalha para permanecer no pedaço.
Nem sempre, mas às vezes também surgem casos evidentes de corrupção.
Grandes clubes têm orçamentos milionários, o que faz crescer o olho dos
espertos. Mas fiquemos apenas com a incompetência e o oportunismo que
confunde os interesses do grupo com os do clube. Daí é que vem a falta
de um planejamento a médio e longo prazo e decisões tomadas apenas com
vistas a resultados imediatos (que costumam falhar).
A eleição no pátio é bola nas costas...
A coisa se agravou depois que qualquer torcedor, pagando uma pequena
mensalidade, fica apto a votar: grupos políticos fazem promessas e tomam
decisões populistas para conquistar o eleitor, deixando em segundo plano
o interesse do clube. Isso é jogar pra torcida!
Um bom acidente de percurso...
Claro, há exceções. Alguém que faz diferente. Por exemplo, ao menos para
quem vê de fora, a administração de Fernando Carvalho teve a coragem de
não buscar resultados imediatos (topando ficar sem título por um tempo)
e, pensando no clube em vez de jogar pra torcida, planejou o futuro a
médio e longo prazo. No que deu? O Internacional conquistou duas
Libertadores e um título mundial! Isso, que deveria ser mas não é um
padrão, significa administrar com a cabeça, não com o fígado.
Qualquer semelhança não é mera coincidência!
Credo! Esse negócio dos clubes é igualzinho ao que ocorre nas empresas
estatais. Sinal verde para a politicagem, para a esperteza e para o
compadrio. Não tem um dono para cobrar resultado. A coisa é de todos e
não é de ninguém. Acaba caindo no colo do político! Até acontece, mas é
exceção aparecer um bom diretor. Se o gestor faz m... não dá nada! O
prejuízo é socializado com a massa! E é fácil garantir a boquinha e
ajeitar os companheiros de politicagem!
Protagonismo dos moços...
Outro dia, um repórter muito popular disse que não há futebol sem
imprensa. E esta coluna, solidária com os moços da crônica esportiva,
sugere uma pauta que, tudo indica, nunca passou pela cabeça deles:
levantar quantos milhões a atual direção do Internacional já jogou fora
só com indenizações de técnicos demitidos. É jornalismo investigativo,
cabeção! Queremos números! Esta coluna, um modesto observatório, não vai
roubar o protagonismo dos moços e não vai investigar.
Eu pago pra ver...
É engraçado ver os moços cobrarem "transparência" dos dirigentes: nunca
é analisar decisões, discutir conceitos ou elucidar critérios. O que os
moços querem é uma notícia excitante, que eles vendem como bolachinha
recheada a ser consumida pela gula de um torcedor que é (no dizer deles)
"pura paixão" e que, por isso, consome sem pensar.
Estão vendo o rolo que dá quando se juntam esperteza política, massa que
reage em vez de pensar e imprensa que se alimenta do caos?
É assim nos nossos clubes. É assim na coisa pública. Raios!
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