Federasul, nota oficial

 Porto Alegre, 10 de julho de 2024

Prezado Governador Eduardo Leite,

Conforme conversamos na reunião de ontem no Palácio Piratini, sobre o 

posicionamento da Federasul quanto a apresentação de um projeto de reestruturação de cargos 

e salários dos servidores públicos estaduais com forte impacto permanente no orçamento anual

do RS, aproveitamos a reunião de integração híbrida de hoje pela manhã no Palácio do 

Comércio, com participação de presidentes de filiadas, diretores e conselheiros de todo RS, para 

debatermos a pertinência desta possibilidade.

Por unanimidade rejeitamos uma reestruturação de cargos e salários com aumento de 

custos bilionário nas contas do Estado, incompatível com o momento de enorme sacrifício

para todo o povo gaúcho. 

Quando milhões de pessoas pedem socorro aos Governos Federal e Estadual para 

salvarem empregos e empresas que estão sendo perdidos, famílias que perderam a renda e o 

lar, que se endividam sem poder contar com a estabilidade do salário no serviço público, com 

agricultores que viram a safra e a terra arrasada pelas águas, ...não nos parece oportuno.

Houve consenso de que o momento dramático requer medidas em caráter 

emergencial que atendam as necessidades da calamidade em sua medida exata, sem 

comprometer de forma permanente a saúde financeira de um Estado que já se equilibrava de 

forma tão frágil mesmo antes da tragédia climática.

A FEDERASUL vem insistindo de forma enfática e embasada de que as narrativas não 

podem se sobrepor as mais evidentes verdades, que a ajuda federal tem sido muito aquém da 

magnitude da tragédia, visto que já estamos enfrentando demissões em massa, fechamento de 

empresas, êxodo da força de trabalho, perda de arrecadação municipal e estadual sem uma 

readequação minimamente razoável da dívida do RS com a União, comprometendo nossa 

capacidade produtiva, contributiva e de arrecadação futura por políticas públicas ineficazes

hoje.

O-GP0034

Neste momento, a proposta de reajuste de salários de servidores públicos simultânea a 

tantos pedidos do RS para que a União nos auxilie na recomposição das enormes perdas que 

enfrentamos, representaria tal inversão de prioridades, que teria como efeito colateral, a 

entrega do argumento perfeito para suspender os imprescindíveis auxíliosfederais para resgatar

milhões de gaúchos que sustentam a arrecadação do RS.

Ainda neste sentido, na continuidade de respostas do Governo Federal tão abaixo das 

necessidades que a recuperação social e econômica impõe, uma escolha do Governo Estadual 

pelo aumento de custos permanentes as vésperas do rompimento do limite prudencial, 

representaria a certeza de um estado insolvente em poucos anos, que voltaria a atrasar 

permanentemente os salários dos servidores, sem condições de prestar serviços públicos

básicos, com dívida impagável e sem a menor condição de governabilidade.

Todos nós gaúchos, servidores públicos e iniciativa privada, já fizemos sacrifícios grandes 

demais para jogarmos fora, de maneira imprudente, a frágil estabilidade fiscal que

conquistamos, que nos trouxe melhor qualidade de vida e perspectivas futuras até a tragédia

que tanto levou, mas precisamos manter a credibilidade inerente ao comedimento. 

O Rio Grande do Sul foi abençoado com a empatia e solidariedade do povo brasileiro, 

demonstrou humildade, desprendimento e bravura neste momento tão difícil, mas precisamos

seguir de braços dados no sacrifício que a todos se impõe, retribuindo o voto de confiança que 

recebemos de todo Brasil, com o melhor exemplo daqueles que se esforçam para servir a todos. 

Por estes argumentos, entendemos que o debate deve se dar sobre quantidade e 

qualificação de contratações em caráter emergencial e temporário, com remunerações a altura 

dos esforços e necessidades urgentes de recuperação sócio econômica, para uso racional dos 

recursos públicos. 

Sem mais, reitero votos de estima e consideração, colocando-nos a disposição dos 

melhores interesses do Estado,

Atenciosamente,

Rodrigo Sousa Costa

Presidente Federasu

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