Este artigo é do Observatório Brasil Sovberano
Nos corredores do mercado financeiro, a única realidade que parece importar é a que pisca em verde nos terminais da B3. Enquanto eles celebram recordes - como o Ibovespa superando 157 mil pontos numa sequência histórica de altas -, a nação experimenta uma fratura existencial. A mais recente pesquisa IBESPE de novembro de 2025 não foi um mero levantamento de opinião, mas um retrato do atestado divórcio irreconciliável entre o Brasil que sente a dor da desordem que o governo impõe, e a elite econômica que lucra com a normalização dessa barbárie. A questão já ultrapassou o antigo limiar: não nos perguntamos mais se o mercado ainda está otimista, e sim por que a sua prosperidade se alimenta da negação da realidade dos brasileiros mais sofridos. Essa crise é o resultado maduro de um longo processo de inversão de valores, precisamente o fenômeno que Edmund Burke diagnosticou como o âmago da ideologia revolucionária: a demolição das tradições e instituições que garantem a ordem em nome de uma abstração ideológica. No Brasil, essa engenharia so cial encontrou sua perfeita tradução no projeto de hegemonia cultural imple mentado pelo PT e seus satélites por décadas. Ao capturar a academia, a im prensa e as instituições, a esquerda logrou deslegitimar a autoridade do Estado e reconfigurar a moral nacional, transmutando o criminoso em vítima e a força da lei em opressão. Os efeitos desse projeto são hoje visíveis a olho nu e mensuráveis em qualquer métrica. Enquanto 72,8% dos brasileiros clamam para que o crime organizado seja tratado como terrorismo, o governo federal se recusa a fazê-lo, recorrendo a sofismas sobre "soberania" para proteger facções que impõem um terror muito mais imediato e brutal aos seus cidadãos. A condenação repetida e veemente das operações policiais contra traficantes, como a ocorrida no Rio de Janeiro, não é um deslize, mas a expressão coerente de uma visão de mundo que enxer ga no aparato de segurança do Estado o verdadeiro inimigo. O Estado, atuan do de caso pensado em um plano que claramente não envolve o bem estar de quem mais precisa dele, recua, e o vácuo de poder é preenchido pela barbárie do narcoterrorismo. É neste exato contexto de degradação social que o paradoxo do mercado financei ro se revela em sua plenitude. A euforia especulativa trata o colapso do contrato social como simples ruído, uma variável irrelevante para o fechamento de balanço trimestral. A aliança profana entre um mercado desenraizado da vida do povo e o progressismo cultural se mostra cada vez mais real. Na sua miopia tecnocrática, os banqueiros celebram ganhos cada vez maiores enquanto ignoram, e até se be neficiam, da erosão dos alicerces culturais e institucionais que o país precisa para se entender e funcionar como nação. E assim se forma um pacto onde se aceita a anomia e a desintegração do tecido social em troca da manutenção de uma agen da econômica de curto prazo que sustenta a bolha financeira. A prosperidade da Faria Lima, quando se recusa a tirar a trava dos olhos para en xergar a situação catastrófica do país, é parasitária e construída sobre um oásis de gesso. Ela se nutre de um país que pede socorro, ignorando que os mesmos portões de condomínio que hoje protegem seus executivos não vão ser capazes de conter o caos quando o contrato social for rasgado de vez. A festa na bolsa de valores não é o prenúncio de um futuro brilhante pro país. Ela está mais para uma trilha sonora para a admissão do Brasil nação à UTI, enquanto uma pe quena elite dança sobre os escombros, confundindo a falta de humanidade com saúde e o silêncio dos resignados com paz.
Texto lúcido, por isso assustador ao mostrar o caos que se aprofunda.
ResponderExcluirQUANDO MAIS SE DEMORA PARA MUDAR MAIOR VAI SER A VIOLENCIA DA MUDANÇA......A inglaterra desde 1200 foi fazendo as reformas sociais apos poucos.... e nunca teve uma revolução sangrenta em demasia... a França fez tudo ao contrario....Durante mais de trezentos anos não fez reforma nenhuma...e quando a reforma saiu o chaõ tremeu e as sargetas ficaram cheias de sangue escorrendo....As elites se recusam a enxergar a realidade.. só enxerga numeros....mas quando a realidade se impor.... e um dia isso chegará..... a violencia será extrema.... e eles não terão onde se esconder..kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
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