VOLTEM PARA A ESCOLA PRIMÁRIA

          No meu longínquo tempo de estudante – tudo bem, já estou na terceira idade e posso falar assim – a hierarquia escolar tinha como início o “Jardim de Infância”, seguido dos cinco (5) anos do curso “Primário”.
         Eu cursei estas primeiras fases em uma escola pública, no Grupo Escolar Otelo Rosa, em Porto Alegre, de onde ainda me relaciono com queridos amigos daquele tempo, como o Juarez W., a Ana Rosa, o Balduíno, a Margarete, o Dudu, entre outros. Também me lembro de alguns dos mestres, como a D. Haidée, a nossa diretora; Dona Teresinha Abreu e Dona Noeli, professoras respeitadas e admiradas por todos.
         Pois foi lá no “Curso Primário” que reforçamos os ensinamentos trazidos de casa: a educação e o respeito pelos mais velhos; as noções de higiene pessoal (inclusive com a apresentação impecável do nosso uniforme – na época um alvo e bem passado guarda-pó); ser honesto e jamais mentir. Não porque isso fosse pecado, mas porque a verdade e a honestidade fazem parte integrante do caráter de uma pessoa.
         Ah, foi lá também que aprendemos a conviver em grupos, a escrever, e entender a tabuada, fazer contas.
         No Grupo Escolar, descobrimos que castigo é consequência de um erro cometido, de um desvio de conduta, e não um ato de abuso de autoridade.
         Além da saudade, estas lições não foram nunca esquecidas. Pelo menos por mim.
         Apesar da matemática nunca ter sido o meu forte, desde então sei fazer as contas; somar, diminuir, multiplicar e dividir.
         E faço o possível para – sempre – falar a verdade. Mesmo quando esta não me favoreça.
         Acontece que lendo os jornais nos últimos dias, me deparei com algumas absurdas contradições. Certamente de autoria de pessoas que, ou não receberam os mesmos ensinamentos que eu, ou os esqueceram ao longo da vida.
         Assim, vejo manchetes que dizem: “multidões saem às ruas contra o impeachment da Dilma”; ou, “centenas de venezuelanos se juntam para contestar o governo de Maduro”. E, as fotos que ilustram as matérias mostram exatamente o contrário. Ou seja, “as multidões” não passam de grupelhos (pequenos grupos, segundo os dicionários), e “as centenas de manifestantes” são, na realidade, milhares (ou milhões) de pessoas.
         As fotos não mentem. Contra fatos não há argumentos, nos ensina a lógica!
         Então, chego a (triste) conclusão que os editorialistas que permitem tais esparrelas em seus jornais não cursaram o “Primário”, ou esqueceram-se completamente daquelas lições sobre a tabuada e também relativas à honestidade e verdade.
         Porque, somente alguém muito mal intencionado pode se dar ao luxo de confundir grupelhos com multidões e centenas com milhares.
         Quem sabe algum destes vigilantes jornalistas não comete este equívoco matemático contra si? Pegando uma centena de reais emprestados e devolvendo alguns milhares de reais ao seu amigo credor. Sem juros ou correção, numa operação singela de toma lá dá cá.
         É desta forma que os formadores de opinião pretendem ser confiáveis? Ser respeitados?
         Ora, também aprendemos na infância que devemos respeitar para sermos respeitados.
         Creio que está mais do que na hora destas pessoas voltarem à escola primária.
         E de lá saírem somente após ter compreendido as lições.


         Marcelo Aiquel – advogado (06/09/2016)

3 comentários:

  1. Era bem assim, sou " daque tempo" minha saudosa Dirce e suas duas manas eram alfabetizadoras e nunca foram secretarias de escola ou diretoras

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  2. E verdade, mas neste caso irem para cadeia, pois são formadores de comunas, cánceres da sociedade, vagabundos disfarçados de profissionais...

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  3. E verdade, mas neste caso irem para cadeia, pois são formadores de comunas, cánceres da sociedade, vagabundos disfarçados de profissionais...

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