Da leitura de reportagem de Zero Hora do dia 25/10/2016,
intitulada "Alternativas para conter facções", o sentimento dali
proveniente é de completo desânimo e desalento.
Primeiro, porque nela está reconhecido, em letras
garrafais, o que todos nós sabíamos, mas não tínhamos coragem de dizer, ou
seja, que a mera alusão à transferência dos presos que lideram as facções para
outros Estados poderia "alterar o gerenciamento do atual sistema prisional
gaúcho — em que os próprios presos regulam o funcionamento de muitas das galerias".
Isso demonstra, por si só, a falência de todos os órgãos
públicos afetos ao encarceramento dos condenados, de qualquer dos poderes e
instituições, que "convivem" com tal iniquidade, a qual, salvo melhor
juízo, beira a prevaricação.
Não se pode conceber e aceitar que os próprios bandidos
detenham o poder dentro de um estabelecimento prisional, ainda que de forma
parcial, sob pena de se admitir, no futuro, que eles mesmos fixem as suas
penas, prestem informações a respeito de seu comportamento carcerário, decidam
sobre a concessão de progressões de regime e benefícios, indiquem o diretor do
presídio etc.
Tais tarefas são a própria razão de ser do Estado
moderno, sendo que a sua delegação a terceiros, notadamente aos condenados,
ensejou a barbárie em que nos encontramos inseridos.
Resta saber quem firmou tal "acordo" de
"convivência" com a bandidagem, e quando os gestores públicos esperam
romper com essa situação absurda.
Esse, obviamente, é o primeiro passo para o resgate da
ordem pública na sociedade brasileira, na medida em que os crimes cometidos
aqui fora, em grande parte, são concebidos e arquitetados dentro da própria
cadeia.
Para encerrar, faz-se mister advertir que além de
melhores condições físicas, só a retomada da autoridade pública pode viabilizar
credibilidade ao sistema prisional e segurança para coletividade como um todo.
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