Há uma crescente demanda por pessoas mais adaptáveis,
mais produtivas, mais inovadoras
Recente estudo do Banco Mundial mostrou que o Brasil
ainda desenvolve muito pouco o seu capital humano. Entre 157 países, o Brasil
obteve a 81.ª posição no Índice de Capital Humano (ICH), que avalia a
expectativa de desenvolvimento das capacidades e habilidades de uma pessoa
entre seu nascimento até a idade de 18 anos. Numa escala de 0 a 1, o Brasil
obteve a nota 0,56, o que lhe conferiu uma posição acima da média
latino-americana, mas abaixo da nota obtida por países com o mesmo patamar de renda.
No mundo, Cingapura alcançou a melhor pontuação (0,88). Na América Latina,
Chile teve o melhor índice (0,67, 45.ª posição).
O objetivo do estudo do Banco Mundial é recordar a
importância do capital humano como fator essencial para o crescimento sustentável
e a redução da pobreza. E se os investimentos em educação, saúde e habilidades
sempre foram importantes para o desenvolvimento de um país, eles são ainda mais
necessários na medida em que o mundo do trabalho sofre grandes mudanças. Há uma
crescente demanda por pessoas mais adaptáveis, mais produtivas, mais
inovadoras. Daí, portanto, a necessidade de investir na formação das novas
gerações, para que desenvolvam suas habilidades, sua saúde, seu conhecimento e
sua resiliência - o seu capital humano.
O Brasil apresentou bons índices de sobrevivência
infantil. De cada 100 crianças, 99 chegam aos cinco anos de idade. No entanto,
6% das crianças brasileiras ainda são raquíticas, o que acarreta riscos de
graves limitações cognitivas e físicas. Em relação à sobrevivência adulta -
quantas pessoas que chegaram aos 15 anos completarão 60 anos -, o índice
brasileiro foi de 86,1%.
O estudo apresentou também um descompasso na educação
oferecida no País. Em média, dos 4 anos até os 18 anos, as crianças e adolescentes
ficam 11,7 anos na escola, o que em si não é um número ruim. No entanto, o que
as crianças e adolescentes aprenderam no período equivale apenas a 7,6 anos de
ensino. Os anos de estudo não equivalem aos anos de aprendizado.
Assegurar que o tempo gasto na escola se traduza em
aprendizado de qualidade é precisamente um dos objetivos do Banco Mundial com o
ICH, que faz parte do The Human Capital Project (Projeto de Capital Humano).
Outra meta é assegurar que cada vez mais crianças cheguem à idade escolar plenamente
aptas a aprender. Esses dois pilares são essenciais para que as pessoas cheguem
à idade adulta saudáveis, qualificadas e produtivas. No momento, o Banco
Mundial desenvolve um trabalho com cerca de 30 países.
O Banco Mundial tem recordado a importância dos governos
no desenvolvimento do capital humano. Em regra, o Estado é o principal
fornecedor de saúde e educação para a população. É, portanto, quem pode
assegurar um padrão mínimo de qualidade e o acesso equitativo às oportunidades
de estudo e formação. “A maioria dos governos compromete parcela significativa
de seus orçamentos para educação e saúde, mas os serviços públicos são muitas
vezes de baixa qualidade para produzir capital humano. Às vezes, esses serviços
falham no atendimento dos pobres. Às vezes, eles falham com todos - e os ricos
simplesmente saem do sistema público”, afirma o Banco Mundial.
No mundo, o horizonte dos jovens tem melhorado. Em 1980,
nos países de baixa renda, apenas 5 em cada 10 crianças em idade escolar
primária estavam matriculadas na escola. Em 2015, esse número aumentou para
oito. Em 1980, apenas 84% das crianças chegavam a completar cinco anos. Em
2018, o porcentual foi para 94%. Em 1980, nos países em desenvolvimento, a
expectativa de vida média era de 52 anos. Em 2018, a expectativa de vida é de
65 anos.
Como se vê, houve significativa melhora, embora também
sejam evidentes os grandes desafios a serem enfrentados. “Apesar do progresso
substancial, lacunas significativas em investimentos de capital humano estão
deixando o mundo mal preparado para o que está por vir”, afirma o Banco
Mundial. O Brasil precisa reagir.
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