Denis Rosenfield, Estadão - Saiba a importância do homem da cadeira de rodas, o general Villas Bôas


O título original do artigo é "O homem da cadeira de rodas"

                O homem da cadeira de rodas fez o Brasil caminhar para frente em momentos delicados da história recente. Soube enfrentar várias crises, sempre preocupado com o destino do país, enquanto bem maior a ser preservado. Nos últimos anos, o General Villas Boas foi acometido de uma doença degenerativa, que o destinou a uma cadeira de rodas, sem que, por isso, tenha perdido sua mente de estrategista, nem sua dignidade moral.
                Já o vi, em uma ocasião, falando em sua casa com o ex-presidente da República acerca da sucessão no Ministério da Defesa, defendendo com fidalguia a posição do Exército e das Forças Armadas em geral, com toda a sua dificuldade de locomoção. Nada disto afetava sua capacidade analítica. A janta transcorria normalmente, com sua mulher, Cida, dando-lhe de comer na boca. Fui tomado por um sentimento intenso de beleza moral, se posso utilizar tal expressão. A doença desaparecia pelo ato de amor dela e de sua filha.  A conversa transcorria normalmente, como isto fosse – como foi – um mero acidente.
                Trago aqui o testemunho da amizade para melhor expressar a minha indignação com os ataques dos quais foi objeto por parte do ideólogo do presidente e de sua família. Recorrer à sua condição física como meio de insulto é algo abjeto. Que o digam também outros deficientes físicos do país. E isto por que ousou se posicionar contra ataques que as Forças Armadas e o Exército em particular têm sofrido.
      A situação é propriamente surrealista: um ideólogo que mora por decisão sua nos Estados Unidos tutela o grupo ideológico presidencial, criando conflitos intermináveis, enquanto o governo não consegue enfrentar os problemas mais básicos do país como crescimento econômico, desemprego, investimentos e distribuição de renda. O Brasil tornou-se refém de posicionamentos ideológicos que nos impedem de andar para frente. Sentado, em sua cadeira de rodas, o General caminha melhor do que aqueles que o atacam.
      Nada disto é aleatório. Os militares vieram a participar do atual governo por iniciativa individual, pois acreditaram ter uma missão a cumprir. Apesar das aparências, não agem como um grupo. Não se encontram, nem se reúnem regularmente. Muitas vezes nem se falam. Os seus opositores, porém, têm estrutura ao constituírem um grupo organizado, com coordenação, ideologia, operadores digitais e uma estratégia de considerar todos aqueles que com eles não se identificam como inimigos.
      E os inimigos escolhidos por este grupo foram atualmente os militares. Curiosamente, a narrativa política deslocou-se do PT para estes indivíduos fardados como se esses os ameaçassem verdadeiramente. O Vice-presidente Mourão foi alvo dos maiores impropérios que nem merecem ser reproduzidos, de tão baixos que são. Atentam à sua honra pessoal e à farda que sempre vestiu. Sempre teve uma conduta exemplar no Exército, sendo um homem de convicções. O Secretário de Governo, general Santos Cruz, tornou-se recentemente objeto de ataques do mesmo tipo, sendo um exemplo para os seus companheiros de farda, com carreira ímpar de combatente, pessoa também da mais alta retidão moral. Não se pode senão qualificar de torpeza ética o que está acontecendo com eles.
      Talvez o presidente da República não tenha atentado convenientemente para o fato de ser constitucionalmente Comandante-em-Chefe das Forças Armadas. Ele não é mais deputado e, tampouco, capitão. Ele se situa acima dos generais e, enquanto tal, deve defender a instituição militar enquanto tal e os membros que a compõem. Não poderia, como fez, afagar e acariciar o detrator mor das Forças Armadas, inclusive com a medalha da Ordem do Rio Branco, quando mais não seja pelo fato de ser tal gesto contraditório com a função que exerce. Ou seja, o próprio presidente é atacado quando a instituição militar é desta forma denegrida.
      Para melhor compreendermos o que está ocorrendo em termos de composição política e de ideias, não basta caracterizarmos o atual governo como sendo formado por conservadores e liberais, pois algo falta aqui. O grupo dito de conservadores é constituído por um conservadorismo de tipo ideológico, alicerçado na concepção do político enquanto distinção amigo/inimigo; por um conservadorismo digamos institucional, composto por militares e uma ala evangélica que os apoia, e pelos liberais.
      Os primeiros procuram criar uma situação de instabilidade permanente, sempre atacando e procurando um inimigo, com tal que haja um, por mais imaginário que eventualmente seja. Nada têm a propor além destes ataques sistemáticos, como se estivessem à frente de uma revolução, constituindo a sua vanguarda. Quando não consideram o outro como espelho de si mesmos, o tomam por alguém perigoso. A insegurança deles se traduz pela instabilidade de sua ação política.
      Os segundos têm como objetivo assegurar a prosperidade do país via a conservação de suas instituições e dos seus valores. Caracterizam-se pela preservação da ordem democrática, atentos a desvios que possam afetar o seu curso. O seu conservadorismo, neste sentido, poderia ser qualificado como essencialmente institucional, posicionando-se como liberais do ponto de vista da economia. A pergunta que deveria ser colocada é a seguinte: o que procuram os que os atacam? Qual seria o seu objetivo? 
      Os liberais estão sobretudo voltados para as necessárias reformas econômicas, não tendo entrado na refrega política. Sabem que tal grau de confronto só prejudica o projeto reformista, sem o qual o país rumará para um futuro sombrio, com risco, inclusive, institucional. Estão dando como pressuposto o liberalismo político que caracteriza as instituições democráticas brasileiras, embora se possa perguntar pela sua capacidade de resiliência se a reforma da Previdência não for aprovada ou se o seu desfecho for pífio.
      Que o Brasil tenha mais pessoas com a visão do general Villas Boas!


5 comentários:

  1. Bem! Eu assisti todo o vídeo do Olavo de Carvalho e não vi essa ofensa. Entendi que ele falava que era uma vergonha os generais se esconderem atrás de um homem em uma cadeira de rodas para responder ao que ele, Olavo, havia dito!

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    1. É ISSO MESMO....ESSE DENIS DO #CENTRAOBLOCODELADRÃO É UM CANALHÃO, UM VAGABUNDO PIOR ESPÉCIE, NA MELHOR DAS HIPÓTESES...É UM ANALFABETO FUNCIONAL, MAU CARATER....

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  2. Exatamente.
    A mídia esquerdopata está deturpando o que Olavo disse,ele não rendeu o general.
    E fica por isso mesmo nessa ditadura que é o Brasil,uma mentira repetida ,e aumentada pela mídia,milhares de vezes se torna uma verdade.

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  3. Passamos por momentos em que todos tentam ser protagonistas e possuirem soluções mágicas, apressadas ou via violência; melhor seria REZAR, REZAR E REZAR! ou, aguardar o momento de voltarmos às ruas!

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  4. Não houve ofensa nenhuma do Olavo. Denis mente de maneira podre e perversa, fazendo exatamente aquilo que critica no olavo.
    E o Políbio, se quiser manter o público, deve parar de publicar FAKE NEWS como este artigo.
    Quem lacra não lucra, Políbio.

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