O BNDES vai publicar até o início de outubro um
calendário com as datas estimadas para a venda de suas participações em Bolsa,
reduzindo a ansiedade do mercado e dando mais visibilidade ao ‘overhang’ que
pesa sobre alguns papéis, o presidente do banco, Gustavo Montezano, disse ao
Brasil Journal.
Montezano disse que o trabalho será feito pelo novo
diretor de crédito e participações, André Laloni, que deixou a vice-presidência
de finanças e controladoria d Caixa e assumirá nos próximos dias o cargo no
BNDES.
Segundo Montezano, o BNDES vai focar em vender primeiro
os papéis mais líquidos da carteira da BNDESPar: Petrobras, Vale, JBS e Suzano.
O banco espera liquidar a carteira atual em dois anos.
A BNDESPar tem hoje quase R$ 110 bilhões em ações de
companhias listadas. A Petrobras é o maior ativo, com R$ 53 bilhões, o que
representa quase 14% da petroleira. A Vale é a segunda maior posição, com R$
16,5 bilhões (6% da mineradora). A carteira ainda tem 21% da JBS (R$ 9,2
bilhões) E 11% DA Suzano (R$ 6,96 bilhões), além de fatias importantes da
Eletrobrás, Copel, Cemig e Marfrig.
O plano da nova diretoria, entretanto, não é acabar com a
área de renda variável do banco, apenas torná-la compatível com outras
instituições financeiras no mundo.
A reestruturação do banco começou há menos de duas
semanas com um trabalho de transparência para lidar com o que Montezano
considera ser a recuperação da marca e da reputação do BNDES.
Em dois meses, ele pretende tornar transparentes todos os
dados relativos e contratos passados, em especial aqueles da assim denominada
“caixa-preta”. Virada esta página, o passo seguinte será estabelecer o
cronograma das devoluções de valores ao Tesouro Nacional. O banco já devolveu
R$ 38 bilhões e até o final do ano ainda retornará quase R$ 90 bilhões.
Após endereçar a venda da maior parte da carteira da
BNDESPar, o foco será transformar o banco em uma instituição de serviços.
Montezano disse que nos governos anteriores o BNDES tomou
muito risco reputacional e de mercado, enquanto a concessão de crédito é “quase
conservadora.”.
Apesar da redução do volume de empréstimos, Montezano
afirma que os valores seguirão significativos, em torno de R$ 70 bilhões ao
ano. “Prefiro dizer que a área de empréstimos será mais potente,” disse ele.
O desafio do BNDES será mudar sua cultura interna – sair
de trás da mesa e ir em busca de clientes para projetos que promovam
desenvolvimento e crescimento sustentável, disse o novo presidente.
O NOVO FOCO SERÁ MONTAR PROJETOS PARA TRÊS TIPOS DE
CLIENTES. Para o governo federal – em especial os Ministérios da Infraestrutura
e da Economia, além do Programa de PARCERIAS DE Investimento (PPI), SOB A Casa
Civil - o BNDES quer elaborar projetos sob medida.
Para os municípios, os projetos devem ser de prateleira.
Entre os dois polos, estão os Estados, que poderão ter projetos
individualizados ou aderir a outros já existentes no portfólio do banco.
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