Mercado imobiliário

 O desempenho do mercado imobiliário e da construção civil vêm surpreendendo pela resiliência em 2020. A partir de março, o setor, que havia iniciado o ano em ritmo forte, também foi afetado – tanto pelo impacto imediato sobre atividade econômica quanto pelo elevado grau de incerteza. Passados cerca de 6 meses, os números sugerem que os bons resultados do segmento estão além daqueles sugeridos por uma recuperação da atividade econômica de modo geral. Os vetores responsáveis pelo ímpeto verificado nos trimestres anteriores à pandemia vêm, ao menos em parte, compensando os choques recentes.


o Há uma série de indicativos de uma recuperação consistente no setor. As vendas de cimento, a produção de insumos típicos da construção civil, o volume de financiamento imobiliário e a própria venda de imóveis no mercado primário sugerem que o setor já retomou o nível de atividade anterior à pandemia, ou está muito próximo dele. Os números do mercado de trabalho na construção civil também confirmam essa retomada. 


o Alguns elementos sustentam uma visão construtiva olhando à frente. Elevada capacidade de financiamento das famílias (sancionada por juros baixos e preços de imóveis estáveis), mudanças regulatórias recentes e avanço do programa de concessões ajudam a sustentar esta visão


o Naturalmente, tais vetores de sustentação precisam ser avaliados à luz dos desafios trazidos pela pandemia. A elevação do endividamento público e um maior nível de desemprego até o fim de 2021 constituem os principais pontos de atenção para o setor. Nos próximos trimestres, a velocidade de recuperação do mercado de trabalho quando os estímulos forem retirados e, sobretudo as perspectivas que a trajetória fiscal imprimirá sobre as taxas de juros (curtas e longas) serão determinantes para a sustentabilidade da retomada percebida nos dados.


o Mas apesar do choque visto em 2020, a maior parte dos vetores positivos segue presente. Ainda que a plena recuperação do mercado de trabalho possa ocorrer em um período de tempo mais longo, os motivos aqui elencados são condizentes com uma queda do setor em 2020 menor que aquela inicialmente projetada e com expansão em 2021. De modo geral, o vetor estrutural de juros baixos tem se mostrado um atenuante para os choques adversos e uma força importante para pensar a evolução da construção civil. Mantido este vetor na direção correta, as perspectivas para a construção seguem construtivas.


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