Os Nem-Nem não são solidários nem na hora do câncer

 Os Nem-Nem não são solidários nem na hora do

câncer

Pesquisa Quaest mostra que eleitores de Moro, Ciro e Doria não se

unem nem se um deles desistir

Por Thomas Traumann 12 jan 2022, 10h21

Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Sergio Moro e João Doria (PSDB), os três mais bem posicionados

entre as candidaturas de centro, segundo pesquisa CNT/MDA Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Sergio

Moro (Podemos) e João Doria (PSDB) - Reprodução/Reprodução


A primeira pesquisa presidencial de 2022 mantem o quadro de favoritismo de Lula da Silva, a vice-liderança

isolada de Jair Bolsonaro e o pântano das terceiras opções. De acordo com a pesquisa Quaest/Genial

divulgada nesta quarta-feira (12/01), se as eleições fossem hoje Lula teria 45% das intenções de voto, o que

em votos válidos lhe garantiria a vitória no primeiro turno. Bolsonaro teria 23%; Sergio Moro 9%; Ciro

Gomes 5% e João Doria 3%. A variação das porcentagens dos candidatos em relação à sondagem de

dezembro é mínima.

Embora ainda falte ainda mais de nove meses para o primeiro turno e o histórico eleitoral brasileiro seja de

volatilidade, a pesquisa traz sinais pessimistas para quem não gostaria de eleger nem Bolsonaro, nem Lula. A

Quaest identificou que 44% dos eleitores querem que Lula vença, 23% Bolsonaro e 26% nem um, nem outro.

O dado mostra que existe um potencial real para um terceiro candidato, mas o excesso de nomes impede que

um deles se destaque.

Quando os entrevistados são perguntados sobre sua segunda opção de voto, o resultado mostra que eleitor de

Moro, Ciro e Doria apoiaria outro nome Nem-Nem caso o seu candidato favorito saísse da disputa:

Segunda opção eleitores de Moro

Branco/Nulo 30%

Bolsonaro 22%

Lula 15%

Segunda opção eleitores de Ciro

Lula 40%

Moro 17%

Branco/Nulo 16%


Segunda opção dos eleitores de Doria

Lula 25%

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Moro 19%

Branco/Nulo 15%

Na hipótese de um dos candidatos Nem-Nem sair da disputa, parte considerável dos seus eleitores vai para o

voto branco/nulo ou, por gravidade, se dirige para os dois líderes.

Quando apenas a parcela dos eleitores que torcem contra uma vitória de Bolsonaro ou de Lula é perguntada

sobre quais candidatos eles conhecem e votariam ou poderiam votar (o chamado potencial de voto) é o

resultado ainda favorece Lula e Bolsonaro:

Moro 44%

Lula 36%

Ciro 27%

Bolsonaro 21%

Doria 21%

Ou seja, mesmo entre os que não querem a vitória de Bolsonaro ou Lula, há uma parcela grande que pode

votar tanto em Lula, quanto em Bolsonaro. Parafreseando Nelson Rodrigues, a turma do nem-Bolsonaronem-Lula não é solidária entre si nem na hora do câncer.

A pesquisa Quaest/Genial dá algumas pistas onde os candidatos Nem-Nem podem estar errando. Perguntados

sobre os maiores problemas do país, os entrevistados respondem a economia (37%) e a pandemia (28%). Na

economia, citam o desemprego, a inflação, fome e miséria. 69% dos entrevistados se dizem muito

preocupados com o repique da pandemia de Covid, 14 pontos percentuais acima de novembro. São todas

questões concretas do dia-a-dia e que são direta ou indiretamente responsabilidades do governo federal.

Mas o que os candidatos Nem-Nem falam sobre isso? Ciro Gomes, que dos três candidatos tem mais

sensibilidade social, se encastelou na teoria do seu Plano Nacional de Desenvolvimento que o eleitor não

consegue traduzir em redução do custo de vida. João Doria, que tem a seu lado o pioneirismo da vacina,

perde tempo na defesa de um teto de gastos que não tem qualquer significado para os mais pobres. Sergio

Moro anunciou uma reforma do Judiciário, tema que deve estar entre o 89º e 93º lugar entre as preocupações

do eleitor.

Ao mesmo tempo, Lula colocou na pauta o debate sobre a revisão da reforma trabalhista, que não trouxe os

empregos prometidos. E o governo Jair Bolsonaro começou a pagar o Auxílio Brasil de R$ 400.

Enquanto falarem apenas para as suas bolhas, os candidatos Nem-Nem vão seguir no atoleiro de um dígito

nas pesquisas

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