Artigo, José Roberto Guzzo, Gazeta do Povo - Aliado da Venezuela, do Irã e do Hamas

O desastre que o presidente Lula acaba de impor ao bom nome do Brasil nas suas relações internacionais é um desses casos de erro cometidos com a intenção de errar, a determinação de errar de novo e a ilusão de que o erro é um acerto. É um sinal de mau tempo para o Brasil na sua convivência com o resto do mundo. Os comentaristas, especialistas e analistas dão a impressão de que levam a sério a “política externa” de Lula – e isso é uma garantia a mais de piora para o que já está muito ruim.


Essa “política externa” não existe. O que existe é um esforço do governo para reproduzir lá fora o que imagina fazer aqui dentro. Acha que está construindo o “socialismo” na sociedade brasileira. Está achando também que precisa empurrar o Brasil para o purgatório dos países, sobretudo das ditaduras que se opõem ao “capitalismo”. Não tem nada a ver com os interesses da população brasileira. É uma anomalia.


O governo está achando que precisa empurrar o Brasil para o purgatório dos países

A quase declaração de guerra a Israel feita por Lula é tratada por muitos como uma questão perfeitamente normal de escolha entre opções diplomáticas racionais – quais são os “prós” e quais são os “contras” de ficar com as ditaduras do Terceiro Mundo, hoje chamado “Sul Global”, em vez de com as democracias do Primeiro. O problema fundamental é que não há “prós”.


A diplomacia de Lula, de Janja e de Celso Amorim, o ministro do Exterior que está valendo, acha que é uma vitória aliar-se com o Irã, a Venezuela e os terroristas do Hamas para mostrar “independência” diante dos Estados Unidos, da Europa e do mundo democrático. Pensa, a cada vez que faz uma agressão a eles, que teve mais uma “vitória”. Aí complica.


A política externa do Brasil voltou aos anos 1950, quando a prioridade era alinhar-se ou com os Estados Unidos ou com a Rússia – com o mundo das liberdades políticas, civis e econômicas, ou com o mundo em que o “Estado” é o ente supremo. Lula, em suas miragens de “liderança mundial”, Prêmio Nobel da Paz e da invenção de um Brasil imaginário, capaz de “influir no mundo” com uma população largamente analfabeta e sem produzir um único chip, colocou o país ao lado das ditaduras, do atraso econômico e do culto à pobreza.


Nos momentos mais agitados da sua estratégia mundial, acredita-se habilitado a obrigar o mundo rico a “fazer concessões” ao Brasil e aos parceiros do “Sul Global”, dos “Brics” e de outros ectoplasmas. Não se explica de forma coerente quais são exatamente essas concessões – e por qual razão prática os países achariam um bom negócio atender às exigências de Lula. Estariam com medo de um boicote do Brasil, do Congo Belga ou da Faixa de Gaza? É por aí que se vai.


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