Há fenômenos,
como os naturais, sobre os quais os discursos nada podem, como furacões e
tsunamis. Ocorre, porém, que, no que diz respeito aos fenômenos sociais, há
tentativas constantes de ocultamento como se narrativas políticas fictícias
facultassem não reconhecê-los.
O Brasil
aproxima-se de um tsunami em suas contas públicas se nada for feito no que
concerne à Reforma da Previdência. Os números não fecham, além de serem
profundamente injustos relativamente às aposentadorias e pensões dos servidores
públicos e dos demais trabalhadores brasileiros.
No entanto, a
campanha eleitoral está se desenvolvendo como se não fosse esse um problema
maior do país, que deverá ser enfrentado pelo(a) próximo(a) presidente queira
ele(a) ou não. De nada servirá a demagogia, salvo se a alternativa for conduzir
o Brasil para uma ruptura institucional e a insolvência fiscal.
Os números são
aterradores. Em 2017, o déficit da Previdência foi de R$ 268,79 bilhões (INSS e
Regimes Próprios dos Servidores Públicos –RPPS da União), configurando a maior
série histórica, superior em 18,5% a de 2016. Se nada for feito, os seus
efeitos serão avassaladores. Para se ter uma ideia do que é gasto, a despesa
total eleva-se a R$ 700,6 bilhões. São recursos que certamente faltarão para a
saúde, a educação, a habitação e a infraestrutura. Não há governo que possa se
sustentar a médio e longo prazo.
Ademais, o
rombo da Previdência é desproporcional, constituindo uma intolerável injustiça
entre o despendido com os servidores públicos e os outros cidadãos brasileiros.
É como se houvesse cidadãos de primeira e segunda classe, os privilegiados e os
demais. A União gasta R$ 92,9 bilhões com as despesas previdenciárias dos seus
servidores, beneficiando – pasmem! – apenas 980 mil pessoas. As despesas do
INSS, por sua vez, remontam a 90.3 bilhões, beneficiando 32,7 milhões de
pessoas. A injustiça é gritante!
As contas
previdenciárias equivalem a um furacão se aproximando. Ao contrário, contudo,
dos fenômenos naturais, esse pode ser evitado. Isto se prevalecer o bom senso
na troca de governo que se avizinha.
Os candidatos
têm evitado via de regra este tema, por medo de perderem eleitores. Estão
prisioneiros da oposição ao governo Temer que tornou vitoriosa a narrativa de
que tal reforma tiraria direitos, prejudicando os mais necessitados. A
narrativa, embora falsa, foi comprada, quando, na verdade, ela visava
precisamente a corrigir toda uma situação de injustiça social e de privilégios.
De fato, a esquerda, capitaneada pelo PT, defende os privilégios de 980 mil
pessoas contra a imensa maioria da população, constituída por 32,7 milhões de
pessoas. Marx estaria se revolvendo na tumba!
Poderíamos, no
que toca a esta questão, estabelecer a seguinte linha divisória. De um lado,
estariam candidatos como Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Henrique
Meirelles, João Amoêdo, talvez Marina Sila, que poderiam vir a encarar esta
questão de frente. Há, evidentemente, distinções importantes entre eles, uns sendo
mais assertivos, outros preferindo a imprecisão e a névoa de propostas. Em todo
caso, a realidade terminaria, de uma ou outra maneira, se impondo.
De outro lado,
teríamos os candidatos da dita esquerda, Lula/Haddad, Ciro Gomes e Guilherme
Boulos, que preferem antecipar a vinda do furacão, lançando o Brasil na
incerteza, na desordem e na insolvência. Os seus discursos respectivos são os
de encobrimento do que existe e os da defesa da atual condição de injustiça em
relação à imensa maioria dos trabalhadores.
Há, todavia,
uma data limite. E essa se situa quando da declaração do vencedor ou da
vencedora do pleito eleitoral de outubro, seja no primeiro, seja no segundo
turno. Neste momento, a realidade não poderá ser escamoteada e deverá ser
encarada de frente. De nada adiantará a mistificação das narrativas. Se essas
porventura prevalecerem, o resultado se traduzirá por menores investimentos,
mais desemprego e menor renda. As consequências sociais serão elas também
duras.
Urge que haja
uma negociação entre o(a) candidato(a) vitorioso(a)e o atual presidente logo
após a eleição. O Brasil não pode mais esperar. Quanto mais tempo se perca,
pior será para todos. E quando digo negociação, refiro-me à necessidade de que
a Reforma da Previdência seja ainda aprovada no atual governo, nos meses de
novembro e dezembro.
Há, hoje, um
impedimento constitucional que diz respeito à intervenção federal do Rio de
Janeiro. Nada impede que ela seja levantada, com o acordo inclusive dos
militares, que não a consideram uma função sua, a policial no caso, em um
estado completamente desorganizado em suas finanças, instituições e,
particularmente, na área de segurança pública.
O problema é
essencialmente político. O atual presidente e o(a) próximo(a) deveriam unir
esforços em prol do Brasil. Cada um ganharia com isto, sendo o país o maior
beneficiário. O presidente Michel Temer terminaria o seu ciclo de reformas,
sendo então reconhecido por isto. O(a) novo(a) presidente começaria o seu
mandato sem este ônus que pesará sobre si, podendo pensar em seus próprios
projetos. Poderia, mesmo, fazer com o devido tempo uma segunda etapa de reforma
previdenciária, se essa se revelar provavelmente necessária. Haveria um clima
de confiança, gerando novos investimentos, emprego e renda para todos. O Brasil
poderia ver o seu futuro imediato com a esperança de inaugurar um novo círculo
virtuoso, o do bem-estar material, da segurança jurídica e do crescimento
econômico.
O Brasil é
maior do que seus governantes, é maior do que todos nós. Alguns denominam isto
de patriotismo, outros de primado do bem coletivo. Em todo caso, não podemos
ficar reféns de um furacão que se aproxima perigosamente. Mais do que nunca,
torna-se necessário abandonar os interesses menores pelos maiores do país.
MARINA É ESQUERDA! ALCKMIN É ESQUERDA E CORRUPTO ALIADO AO PT!
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