- O autor é advogado no RS.
Em meados de
2013, escrevera sobre dois fenômenos políticos do nosso tempo, a antipolítica e
a pós-política. As duas práticas questionam (e transformam) gravemente a
democracia, assim como a popularmente compreendemos (ainda que de modo
equivocado).
A
antipolítica pode vir a ser uma nova utopia, uma possibilidade de revitalização
das idéias e das esperanças. Principalmente, poderá desmascarar um tradicional
(e fraudulento) discurso político, que afirma que os interesses da classe
política são idênticos aos interesses da comunidade. Ou, que os interesses do
Estado se equiparam aos objetivos da população. Ambos falsos!
Em seu premiado
ensaio de 1985, o escritor húngaro George Konrád (1933-2019) definiu a
antipolítica como “uma força moral da sociedade civil que articula a
desconfiança e rejeição públicas do monopólio de poder da classe política
dentro do Estado – um poder usado contra as populações através de legislação.
Esta força moral não pretende derrubar o poder político, mas opor-se à opressão
que ele exerce sobre as populações”.
Enquanto que
a antipolítica quer refazer e recuperar o sentido e o debate ideológico (mas
questiona os partidos e suas práticas), a pós-política representa o contrário.
Pensa, acredita e aposta no fim da ideologia.
Se a
antipolítica ainda não sabe como agir, a pós-política sabe muito bem o que
fazer, como fazer e o que quer: o poder.
E o poder se estabelece pela conquista do Estado. A pós-política é
realista. Joga o jogo do sistema. Não tem ilusões, nem pudores.
Utiliza e
manipula os partidos, faz permanente cooptação das instituições sociais, as
despolitiza e as converte em instrumentos de sua manutenção de poder.
A
antipolítica, ao contrário, quer recuperar as manifestações e os movimentos
sociais, sua cultura e dinâmica. Ainda que utópico desejo, sabe, entretanto,
que “não há vida saudável dentro do sistema”.
Entre esses
dois movimentos políticos há algo essencial em comum, mas por razões
diferentes. Os meios de informação e conhecimento são ponto central de ação da
antipolítica para expandir a comunicação e as redes de integração do debate
político-ideológico.
A
pós-política, porém, reconhecendo os inerentes riscos à sua manutenção de
poder, tenta impor o controle sobre os meios de comunicação. Ou, então, mais
recentemente, adere grosseiramente a pós verdade.
Governos,
sindicatos, universidades e imprensa, por exemplo, perderam credibilidade, e,
consequentemente, já não conduzem o debate público. A busca e afirmação da
verdade ficou em segundo plano.
No criativo e
incessante fluxo das redes sociais, líderes da preferência popular em
informação (via celulares cada vez mais potentes), a arte da boataria e da
desinformação predominam. Na falta de um certificado de autenticidade,
prolifera a pós-verdade. Não só aqui. Mundialmente!
Quando foi diferente, prezado causídico...?
ResponderExcluirQuase 10.000 de História e sempre foi assim...!!!