O paciente
chega ao hospital ou clínica e é recebido por uma equipe de profissionais que o
prepara para a cirurgia. O procedimento é mais seguro, com incisões precisas,
menos invasivas, com recuperação e cicatrização mais rápidas. Tudo isso feito
por um robô. O médico pode estar na sala ao lado – ou do outro lado do planeta.
“Não vamos mais cortar e costurar tecidos. Vamos manipular dados. Esse vai ser
o futuro.” A frase do médico chileno Jorge Bravo-López resumiu sua palestra no
Simpósio de Doenças Metabólicas do Hospital Moinhos de Vento, realizado nesta
sexta (11) e sábado (12), em Porto Alegre.
No Anfiteatro
Schwester Hilda Sturm, Bravo-López fez uma retrospectiva sobre a cirurgia
robótica. Mais de cinco milhões já foram realizadas no mundo, e 43 mil médicos
estão habilitados para a prática. Alguns ainda resistem, pois acham necessário
sentir e tocar os tecidos do paciente para que haja segurança. O chileno, no
entanto, rebateu: “Se é esse o problema, já temos equipamentos em teste que
permitem ao profissional operar o aparelho com essa sensação”.
Inteligência
artificial, realidade aumentada, cirurgia digital e robôs autônomos são algumas
das novas plataformas em desenvolvimento, adiantou o especialista. “Com tantas
tecnologias entrando em operação, a tendência é reduzir custos e ampliar o
acesso dos pacientes, o que hoje é um desafio”, concluiu o cirurgião.
Operar ou
medicar?
O Hospital
Moinhos de Vento é pioneiro em cirurgia robótica bariátrica no Rio Grande do
Sul. Chefe do serviço de Cirurgia Geral da instituição, Artur Seabra explicou
que “diversos estudos têm mostrado os benefícios desse procedimento para
pacientes com doenças metabólicas, como a diabetes e a hipertensão”. Para o
médico, debater sobre vantagens e avanços nos tratamentos, além da discussão
entre a operação e o uso de medicamentos, são importantes para profissionais
oferecerem todas as possibilidades aos pacientes e buscarem os melhores
desfechos.
Em um debate
acalorado, os médicos Ricardo Cohen e Fernando Gerchman apresentaram visões
opostas sobre o assunto. Cohen, que é pesquisador do tema e já presidiu a
Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade (IFSO) na América Latina,
defendeu resultados que apontam redução de até 51% da hipertensão e outros
problemas cardiovasculares. A pesquisa também indicou uma redução em quatro
vezes do risco de morte nos pacientes tratados com cirurgia bariátrica
associada a medicamentos.
Crítico da
banalização da técnica, Gerchman falou sobre a carência de dados consistentes
nesses estudos. Também ponderou com casos de reincidência da cirurgia,
alertando para os índices de depressão e outros efeitos colaterais. “É um
desafio identificar os pacientes que realmente estão preparados para o
procedimento”, alertou.
Cuidados
pós-operatórios, novas técnicas e tendências no tratamento da diabetes,
obesidade e outras doenças metabólicas também tiveram espaço no evento. Houve
ainda debates sobre casos clínicos. O Simpósio de Doenças Metabólicas do
Hospital Moinhos de Vento teve o apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – Capítulo Rio Grande do Sul. Participaram
colaboradores, alunos de pós-graduação e corpo clínico da instituição e de
outros hospitais da Capital.
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