Na conversa, Messer, preso em julho deste ano por
acusações de lavagem de dinheiro, afirma que os pagamentos estariam ligados a
uma suposta proteção ao "doleiro dos doleiros", como era conhecido a
respeito de suas atividades ilegais.
O doleiro fala sobre o andamento dos processos que
responde, dizendo que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma
reunião com Paludo. Logo após, ele afirma à namorada: "Sendo que esse
Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo
mês".
De acordo com a PF, os "meninos" citados por
Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira
Barreto, o Juca. Ambos trabalharam com Messer em operações de lavagem de
dinheiro investigadas pela Lava-Jato do Rio. Após serem presos, viraram
delatores.
Em depoimentos prestados em 2018 à Lava-Jato no
Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ), Juca e Tony afirmaram
ter pago US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado Antonio
Figueiredo Basto, em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público.
Basto inclusive já advogou para o doleiro.
Após as delações, a força-tarefa da Lava-Jato do Rio
abriu uma investigação sobre o caso. O advogado Antonio Figueiredo Basto foi
chamado a depor, e negou a versão de Juca e Tony. Messer foi chamado a depor no
dia 8 de outubro. Durante o processo, ficou em silêncio.
Paludo é um dos procuradores mais antigos da Lava-Jato.
Integra a força-tarefa de combate à corrupção desde sua criação, no ano de
2014.
A força-tarefa da Lava-Jato do Paraná, da qual Paludo faz
parte, declarou que "essas ilações já foram alvo de matérias publicadas na
imprensa no passado e, pelo que foi divulgado, os fatos apontam para suposta
exploração de prestígio por parte de advogado do investigado [Figueiredo
Basto]".
A equipe ainda publicou um posicionamento em resposta à
reportagem. Veja a íntegra:
Em relação à matéria do UOL divulgada nesta madrugada, os
procuradores da força-tarefa da Lava Jato informam que:
1. A ação penal que tramitou contra Dario Messer em
Curitiba foi de responsabilidade de outro procurador que atua na procuradoria
da República no Paraná, o qual trabalhou no caso com completa independência.
Nem o procurador Januário Paludo nem a força-tarefa atuaram nesse processo.
2. O doleiro Dario Messer é alvo alvo de investigação na
Lava Jato do Rio de Janeiro, razão pela qual não faz sequer sentido a suposição
de que um procurador da força-tarefa do Paraná poderia oferecer qualquer tipo
de proteção.
3. As ilações mencionadas pela reportagem de supostas
propinas pagas a PF e ao MP já foram alvo de matérias publicadas na imprensa no
passado e, pelo que foi divulgado, há investigação sobre possível exploração de
prestígio por parte de advogado do investigado, fato que acontece quando o nome
de uma autoridade é utilizado sem o seu conhecimento.
4. Em todos os acordos de colaboração premiada feitos
pela força-tarefa, sem exceção, os colaboradores têm a obrigação de revelar
todos os fatos criminosos, sob pena de rescisão do acordo.
5. Os procuradores da força-tarefa reiteram a plena
confiança no trabalho do procurador Januário Paludo, pessoa com extenso rol de
serviços prestados à sociedade e respeitada no Ministério Público pela
seriedade, profissionalismo e experiência.
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