- O autor é Advogado no RS.
Globalização. O fato (e a própria palavra) adquiriu uma
abrangência e repercussão de dificil conceituação por multiplicidade de opções
e variações. Otávio Ianni, em seu livro “Teorias da Globalização” (1995),
elenca alguns conceitos:
“(...) fábrica global, nova babel (...) primeira
revolução mundial (Alexandre King), terceira onda (Alvin Tofler), aldeia global
(McLuhan) (...) passagem da economia de high volume para outra de high value
(Robert Reich).
Antonio Correa de Lacerda, em seu livro "O Impacto
da Globalização na Economia Brasileira (1998) amplia: “(..) economia-mundo,
shopping-center global, moeda global, capitalismo global, mundo sem fronteiras,
tecnocosmo, desterritorialização,
miniaturização, hegemonia global, fim da geografia, fim da história (...).
Não é errado afirmar que no plano econômico a
globalização repete práticas comerciais
e produtivas expansionistas. Porém, com inovadora agregação e universallização
do lucro, tanto na forma quanto nos efeitos.
Já no plano cultural a globalização parece constranger a
diversidade e o pluralismo cultural dos povos. E por que? Porque há uma
homogeneização de comportamentos e atitudes.
Mas, possivelmente, o aspecto mais preocupante ocorre no
plano político. Há uma precarização dos papéis tradicionais de representação
política institucional. Não à toa, a democracia, como a conhecemos
historicamente, está em crise. Em todos os lugares!
É interessante observar que a incidência e a ocorrência
desses mencionados aspectos - econômico, cultural e político - não obedece a
nenhuma ordem e/ou seqüência no tempo e no espaço territorial.
Mas, paradoxalmente, ocorre uma interpenetração do global
e do local. O jurista português Boaventura de Souza Santos sugere a ocorrência
de “um localismo globalizado e um globalismo localizado”.
O localismo globalizado seria a globalização de um fato
local, a exemplo de atividades de empresas multinacionais, a música popular e o
fast food americano, entre outros.
O globalismo localizado se daria na ocorrência e no
impacto de práticas transnacionais sobre condições locais. Exemplos: a
conversão da agricultura sustentável para agricultura de exportação,
associações de livre-comércio e o uso de sítios históricos e ecológicos.
Regra geral, a conseqüente e inevitável abertura e
liberalização social e econômica dos ditos países em desenvolvimento expuseram
suas distorções internas e suas fragilidades sócio-econômicas.
Logo, continua pertinente perguntar: - o processo é/seria
danoso para os países periféricos, uma vez escancarados à competição mundial e
sujeitos à desnacionalização massiva da
própria economia?
Em síntese, se
conceituar globalização (e mercantilização mundial) continua difícil, mesmo
depois de todos estes anos, o que dizer então dos polêmicos aspectos sociais,
políticos e econômicos?
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