Hoje senti medo.
Há uma máxima que diz que todo homem sente medo uma hora
no dia e outra na noite.
A “doença” chegou perto de nós. Enquanto estava longe,
tudo bem diminuirmos o salário dos servidores públicos, sucatear a saúde
pública, aumentar as alíquotas de impostos sobre a renda dos trabalhadores,
cortarmos o bolsa-família.
Tudo bem. Está longe de mim. O que eu teria a ver com
tudo isso?
“Irei votar conforme o banda toca: sim, podemos reduzir
tudo! Muitos marajás no serviço público. O que é isso? Saúde de graça?! Não,
precisamos todos pagar”.
Os que votaram para reduzir os direitos de todos os cidadãos,
hoje, assustados com a pandemia de coronavírus, buscam soluções através de
comissões, discussões, alternativas. Os mesmos que sairão correndo se algum
eleitor pobre estiver tossindo nas proximidades de onde estão.
Eu tenho a consciência tranquila no sentido de que votei
a favor do serviço público. Isso me custou o partido e alguns cargos no
governo.
Interessante, né?
Mesmo eu tendo alertado que contra o serviço público
jamais votaria, passei a ser visto como “fora” da política governamental.
O que não se percebia é que toda a equipe Rodrigo Maroni
está lutando junto. Por diversas vezes,
expus a realidade da periferia. Andar de ônibus, escola pública, ocupações que
acabam ocorrendo nos arredores da cidade em virtude do alto custo dos aluguéis,
falta de água, como no Morro da Polícia, falta de tudo, como na Restinga.
Eu vi.
Eu sei como vivem as pessoas da periferia. Estou
deputado, não “sou” deputado.
E toda vez que olho a forma assustadora como as pessoas
estão vivendo a pandemia do coronavírus, lembro dos casos das crianças pobres
no nordeste que nasceram deficientes em virtude do zika vírus. Mais de três mil
mães hoje cuidam das crianças vítimas dessa anomalia... e pouco se fez.
A gripe espanhola, que matou muita gente, também não
serviu de aprendizado.
Seguimos empobrecendo a população.
Diminuindo emprego.
Aumentado a carga de trabalho.
Dependendo da China, onde os trabalhadores são
praticamente escravos e sequer saem para comer.
Jogando nosso lixo por onde andamos.
Desmatando.
Mas produzindo... aumentando o PIB, virando potência
econômica.
Ooo Brasil. Tu estás muito longe disso.
E além de tudo, do que valeu o liberalismo econômico, a
busca do lucro a custa de tudo, se hoje nossos familiares correm risco de vida?
Muitos têm dinheiro, mas não têm a vacina.
Mas... a GRANDE maioria sequer água tem. E se o
coronavírus realmente for um vírus tão letal, estou com medo quando chegar na
periferia.
Será um genocídio a olhos vistos e todos que estão com
muito dinheiro no bolso, de certa forma, são coautores dessa violência contra a
humanidade.
Rodrigo Maroni, deputado estadual.
Enviado do meu iPhone
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