*Adão Paiani
Jojo Rabbit. Quem consegue resistir aos primeiros 15 minutos de filme, contendo a aversão por achar que se trata de uma absurda tentativa de satirizar o nazismo, humanizando a figura do seu odioso Führer (o que não seria exatamente uma novidade em cinema, mas não é o caso), vai se deparar com uma belíssima fábula sobre a tragédia do fanatismo e o horror da guerra, vistos pelos olhos de um menino de 10 anos.
Roman Griffin Davis é Johannes Betzler, o Jojo, que sonha em integrar a Hitlerjugend, a juventude nazista, na Alemanha do final da Segunda Guerra Mundial.
Scarlett Johansson, com seu talento, interpreta Rosie, a mãe de Jojo, que esconde em casa uma jovem judia, Elsa; uma doce interpretação de Thomasin McKenzie.
O amigo imaginário do protagonista, Adolf, é vivido por Taika Waititi, que também dirige o filme com grande habilidade.
O competente elenco também traz Sam Rockwell, como o Capitão Klenzendorf; Archie Yates, que rouba as cenas como o impagável Yorki, amigo de Jojo; Stephen Merchant, como Deertz, Alfie Allen, como Finkel; e Rebel Wilson, como a tragicamente engraçada Fräulein Rahm.
Com seis indicações ao Oscar, Jojo Rabbit levou o de Melhor Roteiro Adaptado. Merecia bem mais.
Ao som de "I want to hold your hand", dos Beatles, as primeiras cenas trazem imagens estranhamente contemporâneas e familiares; e as finais falam muito a estes tempos de forçado isolamento que estamos vivendo.
Um filme marcante, sensível e que será difícil esquecer, como essa nossa estranha época. E, por isso mesmo, é imperdível.
* Advogado em Brasília/DF
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