Advogado
Os documentários "O Dilema das Redes" e "Privacidade Hackeada" (sobre o escândalo Cambridge Analítica), principalmente, determinam a crescente preocupação mundial com a abrangência e o poder das redes sociais (veja também o filme Rede de Ódio).
Se o potencial estrago psicológico que afeta particularmente os jovens já é por si só motivo suficiente para despertar preocupações e iniciativas das autoridades, há algo igualmente grave que diz respeito ao futuro das nações e à prática da democracia como regra social e política. Refiro-me à gestão de uso dos algoritmos.
O algoritmo é um conjunto de regras matemáticas que automaticamente define - a partir do seu (voce, leitor!) histórico de navegação na internet - se verá uma postagem associada de produto, imagem e/ou expressão anteriormente pesquisados. Ou mentiras, por exemplo.
A preocupação cresceu depois da perturbadora proliferação e eficácia dos algoritmos nos recentes processos eleitorais, em vários países, notadamente tocante à produção de notícias falsas e a desconstrução maldosa de pessoas.
Em outras palavras, seus (voce, leitor!) acessos pessoais, desde uma pesquisa comercial, gostos pessoais e preferências sociais e políticas (seu provável voto nas próximas eleiçoes), são detectados e estimulados pelas redes sociais.
Neste momento, as redes sociais estão formatando nosso padrão de consumo de produtos, notícias e informações. Estão pré-moldando nossos diálogos, debates e preferências, fundamentais nas decisões individuais e coletivas.
Ou seja, as redes sociais já estão muito além do simples negócio econômico. Estão agindo no destino intestinal das nações como se fossem uma nova forma de constituição e exercíco de poder social e político.
No "banco dos réus", em especial, os bilionários Google e Facebook. Alvo preferencial, o jovem Mark Zuckerberg (cofundador e CEO do Facebook -1,7 bilhao de pessoas conectadas!) cometeu ato falho ao admitir que "de muitas maneiras, o Facebook se parece mais com um governo do que com uma empresa".
Para muito além das hipóteses de invasão de privacidade e monopólio comercial (outros dois importantes temas), se os algoritmos têm este poder e são capazes de determinar o rumo de qualquer assunto, a partir de determinadas preferências - predefinidas ou "compradas" por alguem interessado (ou seja, os algoritmos nao são neutros e aleatórios!), não seria o caso de seu controle e regulação pública?
Este é o debate, uma preocupação atual e essencial de nações democráticas!
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