“Estamos em plena campanha presidencial e até agora
nenhum dos candidatos, seus partidos e os sistemas que os apoiam deram o mais
remoto sinal de que pretendem trazer água para apagar o incêndio que está
queimando o país. Ao contrário: falam de tudo, menos disso. Estão diariamente
na mídia, mostrando-se escandalizados e indignados com os horrendos problemas à
vista de todos, mas não lhes passa pela cabeça comprometer-se com nenhuma das
providências mais elementares, todas elas conhecidas desde a Arca de Noé, para
enfrentar a emergência. Pior: nem sequer percebem que eles próprios, com a sua
maneira de pensar e de praticar política, fazem parte do problema, e não da
solução. Propor o que, então, se o problema são eles?
Ninguém diz que não há nenhuma possibilidade, mas nenhuma
mesmo, de se chegar a algum lugar enquanto o Brasil tiver, como tem no momento,
mais de 700.000 funcionários públicos que jamais fizeram concurso para ocuparem
seus cargos. Ninguém lembra que é inviável, simplesmente, um país onde o Senado
tem uma gráfica própria. Ninguém percebe que é impossível melhorar alguma coisa
enquanto o governo usar o dinheiro da população para manter no ar um canal de
televisão que jamais saiu da casa dos 0% de audiência desde que existe.
O último magnata a falar sobre “projeto econômico” foi o
suposto candidato por procuração do PT, Fernando Haddad ─ dos
outros minions do ex-presidente Lula é melhor nem dizer nada. As
propostas de Haddad, em sua aparente função de Guia Econômico da Esquerda
Nacional, seriam ouvidas com algum interesse, talvez, no tempo do faraó Ramsés
II. De lá para cá, ele parece não ter adquirido consciência de que surgiram
economias modernas e que elas têm elementos mínimos de funcionamento. Não é só
que Haddad desconheça a existência do capitalismo; o real problema é que
desconhece o que vem acontecendo na economia do mundo nos últimos dez anos. Sua
grande ideia: usar o dinheiro das reservas internacionais para “investir” e
“criar empregos”. Por que não tentar descobrir uma mina de ouro no semiárido do
Nordeste? Por que não trazer professores cubanos para melhorar o ensino da
matemática? Por que não mandar uma expedição à Marte?
O Brasil, às vezes, parece que não tem conserto.”
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