Câncer de Pulmão: Imunoterapia, radioterapia e cirurgia são focos de debate em simpósio internacional


RS lidera o ranking dos estados brasileiros com maior incidência da doença
      Os diferentes aspectos do câncer de pulmão e a aplicação das novas tecnologias para o tratamento da doença foram as pautas principais do II Simpósio Internacional de Câncer de Pulmão. Promovido pelo Hospital Moinhos de Vento (HMV), o encontro ocorreu nessa sexta-feira (1) e sábado (2), no Hotel Sheraton, e trouxe três palestrantes internacionais, além de 30 nomes conhecidos no cenário nacional, para discutir os avanços na área.
      O simpósio foi moldado em cima de casos clínicos do cotidiano. “O nosso grande objetivo era dar essa característica ao encontro: trazer assuntos aplicáveis ao dia a dia dos profissionais, de acordo com os recursos que cada um tem nos locais onde trabalham”, explicou o chefe do Serviço de Pneumologia do Moinhos de Vento, Marcelo Gazzana. O evento contou com a presença de cerca de 150 participantes ao longo dos dois dias.
      O ponto alto da programação ficou por conta da sessão plenária, no final da tarde de sexta, com as palestras de oncologistas internacionais. O francês Elie Fadel, a canadense Natasha Leighl e o brasileiro radicado no Canadá, Sergio Faria, discutiram temas relativos ao limite da cirurgia na doença, à imunoterapia do câncer de pulmão e aos aspectos relacionados à radioterapia estereotáxica.
      Fadel abriu a plenária com a palestra “Qual o limite da cirurgia na doença localmente avançada?”. Para responder à provocação, o francês apresentou dados referentes a procedimentos clínicos e cirúrgicos. O tratamento da doença, de acordo com o palestrante, deve ser envolvido em uma discussão multidisciplinar entre cirurgião, oncologista, radioterapeuta e equipes de apoio nas áreas da pneumologia, radiologia e patologia.
      Leighl trouxe um tema atual e que vem se desenvolvendo muito nos últimos anos: a imunoterapia. Há mais de mil estudos abertos na área, de diferentes tipos de câncer – o de pulmão conta com o maior número de pesquisas. A oncologista canadense projetou um cenário de avanços para os próximos anos. “Olhamos para o horizonte e enxergamos resultados muito promissores pela frente, a partir desses estudos”, frisou.
      Faria, por sua vez, abordou o papel da radioterapia em pacientes selecionados. O brasileiro radicado no Canadá ressaltou o uso da tecnologia nos mais diversos tratamentos dos pacientes em estágio avançado da doença.
      Atento às palestras, o coordenador da Unidade de Oncologia Torácica da instituição, Guilherme Geib, enalteceu a importância de discutir, de forma multidisciplinar, os diferentes aspectos da neoplasia. “A conexão das três aulas ressalta como temos de estar muito bem integrados enquanto equipe na hora de tomar as decisões nos tratamentos de nossos pacientes, resumiu o oncologista.
      Dados alarmantes
      O Rio Grande do Sul lidera o ranking dos estados com maior incidência de câncer de pulmão. O índice de mortes pela doença no Estado chega a 33%. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a neoplasia maligna de traqueia, brônquios e pulmões registra 49,5 casos para cada 100 mil homens. O número reduz entre as mulheres, mas ainda se mantêm no topo – são 27,6 casos para cada 100 mil.
      Entre as capitais não é diferente. Porto Alegre desponta na estatística negativa entre os municípios brasileiros, com 50,49 casos para 100 mil homens e 37,64 para cada 100 mil mulheres. “Previnir é o melhor caminho. Mas, os casos existem. E o que aumenta realmente as chances de cura da doença é a identificação precoce e o tratamento com os métodos mais adequados, de forma multidisciplinar”, comentou Gazzana.

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