ORIGEM DOS “INTELIGENTINHOS” QUE INFESTARAM A OPINIÃO PÚBLICA
Por João Darzone
Advogado
12 de fevereiro de 2022
Luiz Filipe Pondé que criou o termo inteligentinho assim o descreve:
“é puro ressentimento travestido de arrogância estética (descolado ao se vestir), intelectual (não vai a cinemas de shopping center porque condena esses templos da perdição babilônica), afetiva (morre de medo de ser traída ou traído, mas posa de ter superado o ciúme, esse afeto neolítico).
O inteligentinho lê pouco porque fala muito e tem muitas opiniões. Quem lê um pouco sabe como é difícil ter opiniões, e, acima de tudo, como é arriscado tê-las. (...)"
Os inteligentinhos estão por todo lugar, mas sua infestação crônica se dá principalmente nos ambientes escolares, universitários e artísticos. E, aos poucos, a “praga de inteligentinhos” está “infestando” a política, a ciência, a mídia, impulsionados e manobrados pelos políticos e grandes corporações que mamam nas vultuosas verbas estatais.
Os inteligentinhos são os neo-idiotas-úteis ou neo-bocós
que discutem teses sem nunca ter lido nada sobre o tema, jamais checam fontes, e normalmente defendem o indefensável para justificar seus pontos de vista, e podem ser tanto de direita como de esquerda.
O inteligentinho é o resultado da doutrina da Pedagogia do
Oprimido de Paulo Freire e da cultura produzida pelo Teatro do Oprimido de Augusto Goal. O Brasil, além de ter uma educação ruim, culturalmente não é mais uma influência positiva.
Augusto Boal está para a produção artística brasileira, o que
Paulo Freire está para a educação. Freire e Boal eram amigos, e segundo site oficial de
Boal partilhavam de “uma conexão afetiva”. Freire e Boal tinham mesma plataforma de partida para suas técnicas (pedagogia-teatro do oprimido): a influência do pensamento marxista.
Comecemos com a recente notícia de que o Brasil ficou em
último lugar no ranking3 mundial em estudo elaborado pelo IMD World Competitive-
ness Center que comparou a prosperidade e a competitividade de 64 nações, em uma
pesquisa que analisou como está o ambiente econômico e social do país para gerar
inovação e se destacar no cenário global.
Toda técnica ou método tem que ser avaliada pelos seus resul-
tados. E este último lugar coloca em julgamento o método Paulo Freire/Augusto Goal pelos péssimos resultados colhidos pelo país nas últimas décadas.
Antes de Paulo Freire a grande influencia na educação era o pensa-
dor grego Aristóteles que entrou para a história da filosofia como um mestre na arte do pensamento. Para Aristóteles, a investigação filosófica é acima de tudo uma investigação sobre as causas das coisas, porque, segundo ele: “Nada vem do nada e tudo tem uma finalidade”.
Aristóteles influenciou a história da humanidade ao definir que as quatro causas do resultado que “se colhe” são:
(1) Causa material, corresponde à matéria-prima.
(2) Causa eficiente, corresponde ao agente criador.
(3) Causa formal, corresponde ao formato que algo possui.
(4) Causa final, a finalidade do que foi produzido.
Aristóteles legou a humanidade a premissa do conhecimento obtido pela observação, método e lógica e que seguem desde a antiga Grécia como fundamentos indispensáveis da boa ciência. Para pensar - Aristóteles acreditava que educar para a virtude era também um modo de educar para viver bem – e isso queria dizer, entre outras coisas, viver uma vida prazerosa.
Já Freire coloca o papel da educação como um ato político, que liberta os indivíduos por meio da “consciência crítica, transformadora e diferencial, que emerge da educação como uma prática de liberdade”
Freire contrapondo a concepção aristotélica, definiu em sua dou-
trina que o ponto de partida da educação não deve ser a liberdade individual, mas sim o interesse coletivo. É a partir do interesse coletivo que o comportamento individual se regula.
O Teatro do Oprimido é a face da Pedagogia do Oprimido nas ar-
tes. Criado pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal nos anos 1970, o Teatro do Oprimido, usa uma técnica que pretende transformar o espectador, com o recurso da quarta parede, em sujeito atuante, transformador da ação dramática que lhe é apresentada, de forma que ele mesmo, espectador, passe a protagonista e transformador da ação dramática.
Assim como a “pedagogia do oprimido”, o “teatro do oprimido” pretendia ser um instrumento de revolução e Boal afirmava categoricamente que a técnica do teatro oprimido não era uma revolução, mas um ensaio para a revolução, consistindo em “introjetar” ideologia marxista na mente do espectador sem que este percebesse.
Se a “pedagogia do oprimido”, segundo os adeptos da teoria da
conspiração, “sequestra” a mente das “crianças”, o “teatro do oprimido”, era a continuidade ao trabalho de Freire e dava para Boal a missão de continuar o “sequestro” das mentes das crianças na sua fase adulta, com a produção dos conteúdos culturais dando a noção de que o “natural” seria um “(...) objeto da reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação” (FREIRE, Paulo Freire. A pedagogia do oprimido. 1987, p. 32).
A produção cultural “oficial” além de agredir os costumes das maiorias dos brasileiros é ruim, chata, enfadonha e de muito mau-gosto, não conseguindo sequer agradar o seu público-alvo, e muito menos criar um mercado de consumo para as produções artísticas financiadas com dinheiro público, pois, além de raramente acessíveis, (mesmo com polpudos subsídios da Lei Rounet) tais produções são caras ao brasileiro médio ou pobre.
Sob esta ótica é fácil entender porque da “choradeira” de parte da classe artística e da mídia com a supressão de acesso aos recursos da lei Rounet e dos recursos de publicidade feitos pelo governo federal, pois estas produções são dependentes de dinheiro público, até porque poucos gastariam um real para ver “porcaria” e expor a si e sua família a situações desagraváveis (alguém lembra do Queermuseu em Porto Alegre?) e ainda ser rotulado de intolerante pelos cultos inteligentinhos.
Tal “ruindade”, “enfadonhice e “chatice”, se estende também às produções cinematográficas e novelas Sobre isto, alguns estudiosos e críticos atribuem a responsabilidade à contaminação ideológica das oficinas universitárias de artistas e jornalistas que geram os profissionais que acabam por preencher as vagas nas emissoras de TV, Rádio, do teatro, seus diretores, produtores e atores, pela aplicação da técnica do Teatro do Oprimido.
Por esta razão quase não existem no Brasil produções artísticas que atendam aos variados perfis sociais, culturais ou econômicos, pois, a “pedagogia do oprimido” comandando as bases da educação brasileira, e o “teatro do oprimido” no controle das produções culturais são usualmente agressores dos costumes da grande fatia da população brasileira (católica, conservadora). Enfim, criou-se no Brasil um ambiente hostil a produções culturais/educacionais que desafiassem o “stablishment marxista”, predominante nos ambientes escolares, artísticos e jornalísticos.
E por esta razão, filmes, series e produções estrangeiras são suces-
sos absolutos no Brasil tanto pelo grau de qualidade dos enredos, como pela capacidade de prender o interesse do telespectador algo que o “teatro do oprimido” pela chatice é incapaz de competir.
E nos últimos 5 anos as plataformas de streaming como Netflix, HBO MAX, Disney +, Youtube, estão aniquilando as TVs brasileiras pela qualidade de conteúdo. Foram abertos espaço para novos artistas, músicos, e outros educadores com perspectivas diferentes do stablishment marxista, o que deu ao brasileiro a possibilidade da comparabilidade de ideias, algo até então ignorado pelos criadores de conteúdo cujas mentes foram sequestradas pela doutrina de Freire/Boal.
O ambiente hostil criado pela doutrina Freire/Boal, se dá em razão da redução artificial da perspectiva da história e evolução da humanidade, pela tentativa de diminuir o potencial humano de refletir, pois a “prisão” da perspectiva do diminuto campo visual de luta de classes (Marx), subverteu o pensamento aristotélico.
Com isto, entrou em choque com a percepção intuitiva que leva em consideração em sentido amplo de que um bom homem é o homem cultivado, baseandoa em “sua participação na política, sua personalidade moral e sua capacidade criadora” .
Na prática, o que se vê nesta troca do pensamento aristotélico, pelo pensamento de Freire e Boal a serviço da ideologia marxista no ensino e nas artes é a percepção em que as gerações mais velhas têm sobre as mais novas.
A geração com mais de 50 anos, tem o sentimento de que os jovens estão “cada vez mais burros”, e esta premissa não está errada, pois é essa consequência direta da redução do amplo “campo de visão filosófico-cientifico aristotélico”, que foi substituído pelo míope “canto de visão marxista” introjetado por Freire na educação brasileira através da “pedagogia do oprimido”.
Ao reduzir toda a educação e as artes sob o aspecto de lutas de classes, e ainda com o forte aparato estatal do Ministério da Educação e colossais recursos da Lei Rounet, Freire e Boal, produziram tanto nas artes como na educação gerações incapazes de entender a relação causa-e-efeito nos diversos campos científicos existentes (pela falta de introjeção da filosofia das 4 causas de Aristóteles).
Atrofiou-se uma enormidade de talentos pela abreviação que o sistema Freire gera em desenvolvimento das capacidades individuais. A supressão do individual pelo coletivo e do conflito polarizado entre opressor x oprimido, que nada mais é do que um significado muitíssimo reduzido de perspectiva da história humana serve como uma luva para políticos populistas.
O resultado, entretanto, é o que está sendo colhido em 2022. Uma educação ruim, e um acervo cultural digno de ser destinado à lata de lixo, e que mais contribui para destruição do que para construção de algo melhor.
Este sentimento de divisão, vem da estratégia marxista/gramsciana de dividir: (rico x pobre), (brancos x negros), (homens x mulheres), (empregador x empregado), (gordo x magro), (homo x hetero), (vegano x carnívoro), etc....etc...
E por causa desta divisão, o país não consegue deslanchar seu de-
senvolvimento humano e econômico, resultado do direcionamento da política e pela visão estreita e aprisionada dos milhões de brasileiros pelos arquétipos marxistas produzidos pela educação e as artes em uma clara redução da compreensão vida, da política, da ética, da economia, da sociedade.
O PT e a esquerda modernas, surgiram das camadas de classe mé-
dia catapultadas pelas técnicas de Freire e Goal. E por esta razão tem-se a intuição de que ambientes universitários tem pouca tolerância a pensamentos diferentes, justamente pela
geração de educadores que já carregam em seu DNA os dogmas marxistas e pelo fato de não possuir uma visão mais ampla das relações de causa-e-efeito, resultado da supressão da visão ampla aristotélica pela sobreposição do ideário marxista.
Essa supressão da filosofia “aristotélica” feita por Freire e Goal,
produziu ao invés de “soldados da causa marxista” a atual geração dos chamados “inteligentinhos”. A expressão criada por Luiz Felipe Pondè, foi a forma educada de Pondè nominar os novos ‘idiotas úteis” ou “neo-bocós”.
O termo “idiota útil”, foi criado por Vladimir Lenin e sintetizava a opinião que nutria pelos ocidentais que viam com bons olhos o avanço da Revolução de 1917. Inventado na União Soviética, esse termo descrevia pessoas que davam apoio a tiranos como Lenin e Stalin, enquanto estes levavam a cabo atrocidades atrás de atrocidades.
E o trágico, é que o inteligentinho é literalmente “cego” na observação de causa-e-efeito (pela concepção aristotélica que toda “ciência” ou “premissa” começa pela observação da realidade e não pelo desejo) e é capaz de defender causas sem entender suas reais consequências, e por essa razão é de fácil de ter a mente sequestrada pelos políticos bandidos de esquerda ou políticos bandidos de direita, pois incapaz de analisar os múltiplos fatores que conduzem a vida humana em seu sentido macro como preconizada pelo pensamento aristotélico.
Os inteligentinhos pela falta de percepção das relações causa-eefeito e manipulados pelas forças politicas oportunistas são incapazes de fazer uma avaliação racional e acabam aderindo contra qualquer ideia que fuja de sua percepção limitada que ao fim e ao cabo é refém do politicamente correto e suas contradições.
Mas, não se preocupe, o inteligentinho é de fácil identificação e geralmente se entrega fácil. Se pronunciar qualquer uma destas expressões ou frases você está diante dele:
“NEGACIONISTA”, “ANTI-VACINA”, “TERRAPLANISTA”, “OLAVISTA”, “RACISTA”, “MACHISTA”, “VIVA
O SUS”, “LULA LIVRE”, “BOLSONARISTA”, “SE FERE
MINHA EXISTÊNCIA, SEREI RESISTENCIA”, “COMU-
NISTA ENRUSTIDO”, “ANTI-CIENCIA”, “EGOÍSTA”, “FAKE NEWS”, “EMPODERAMENTO", “TODES”, “TODX”, “IDEOLOGIA DE GENERO”, “GENOCIDA”, “A CIÊNCIA DIZ....”, “ACREDITO NA CIÊNCIA.”, “FIQUE
EM CASA”, LOCKDOWN”, “FAZENDO O BEM”, “AQUECIMENTO GLOBAL”, “EXTREMA-ESQUERDA”, “EXTREMA-DIREITA”, “SEGUNDO,A OMS....”, “TEORIAS
CONSPIRATÓRIAS”, “NAZISTA”, “ UM MUNDO MELHOR”, “VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO.....”, “A COMUNIDADE CIENTIFICA DISSE.....”, “A CIÊNCIA
APONTA.....”, “APROPRIAÇÃO CULTURAL”, “TRUM-
PISTA", “OLAVETTE”
E aí? Entende agora o sucesso dos streamings, a chatice das TVs, do teatro brasileiros e produções da lei rounet. Percebeu quem são os inteligentinhos que estão dando pitacos na mídia e querem censurar você?
Claro como água das melhores fontes...
ResponderExcluirParabéns! Excelente texto!
ResponderExcluirCarlos Beschorner
Porto Alegre
Muito bom, João!
ResponderExcluirSimplesmente a tradução brilhante da mais pura e infeliz realidade brasileira que nos a beira dos 50 anos somos obrigados a conviver... parabéns...
ResponderExcluirComo sempre Darzone tem se mostrado um ótimo articulista com domínio dos fatos e facilidade na escrita. Realmente os inteligentinhos estão em número crescente e assustador.
ResponderExcluirEntão,nos levaram no beiço por 30,40 anos.É natural q nos achem uns imbecis pois se nos levaram no beiço por tanto tempo,dai...q consideram q podem nos levar no beiço e na valentona agora.Uma geração,a mais velha entendeu isto,outra mais nova não entende porra nenhuma.
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