Artigo - Os adultos na sala são cúmplices da tragédia

 Quando Pérsio Arida, Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha — os 

chamados "adultos na sala" — ergueram a bandeira de apoio a Lula 

em 2022, venderam ao Brasil a promessa de um governo responsável. 

Com suas credenciais do Plano Real e ares de sobriedade liberal, 

juraram que garantiriam estabilidade e compromisso fiscal a um 

governo historicamente inclinado ao populismo. O mercado aplaudiu, 

os editoriais celebraram, e Lula foi eleito com o selo de aprovação 

desses "carrapatos do mercado". Hoje, em março de 2025, com a 

economia em frangalhos, uma coisa fica clara: eles não foram meros 

espectadores da tragédia — foram coautores dela.

 Esses "adultos" sabiam exatamente quem era Lula. Não era segredo 

que o PT, em seus anos de glória, priorizou gastos descontrolados 

e alianças políticas em detrimento de reformas estruturais. Ainda 

assim, Arida, com sua retórica acadêmica, e Fraga, com seu prestígio 

no Banco Central, escolheram ignorar os sinais. Apostaram que sua 

influência poderia domar as velhas tendências petistas, que suas vozes 

se sobreporiam às promessas eleitoreiras. O resultado? Uma economia 

à deriva: inflação descontrolada, real despencando, déficit fiscal em 

colapso e um mercado que, depois de lucrar com Lula, vê agora o 

estrago que ajudou a causar. E o pior: já articulam nos bastidores para 

garantir que o sucessor de Lula não seja Jair Bolsonaro.

 A corresponsabilidade desses economistas está na ilusão que 

venderam. Durante a transição, posaram como guardiões da 

racionalidade, garantindo que o tripé macroeconômico do governo 

Bolsonaro — câmbio flutuante, metas de inflação e superávit fiscal — 

seria preservado. Mas o tripé ruiu, e eles assistiram calados enquanto 

o governo expandia gastos sem contrapartidas, afrouxava a política 

monetária e terceirizava a culpa para a "herança maldita" ou o cenário 

externo. Em 2024, Arida já admitia que o tripé estava "manco", mas 

f

 ingiu não ver que sua chancela a Lula só acelerou o colapso. Fraga, 

com sua experiência, não pode alegar ingenuidade ao endossar um 

projeto fadado ao fracasso.

 O pior veio depois: o silêncio ensurdecedor. Enquanto o Brasil afunda, 

esses "adultos" não fazem um mea culpa. Preferem se esconder atrás 

de análises técnicas e discursos sobre fatores globais, esquivando

se da responsabilidade de terem dado legitimidade a um governo 

que trocou a disciplina fiscal por benesses políticas. O agronegócio, 

e não a política econômica de Haddad, é o que ainda impede um 

desastre maior. Enquanto isso, o povo sente no bolso o preço da 

irresponsabilidade: desemprego crescente, custo de vida sufocante e 

uma moeda que derrete a cada nova canetada.

 Os "adultos na sala" não foram vítimas de circunstâncias. Foram 

cúmplices conscientes movidos por vaidade, cálculo político, ou pela 

ilusão de que poderiam domar o indomável. Deram ao PT o verniz 

de seriedade que ele precisava para vencer, mas esqueceram de que 

estavam embarcando em um trem desgovernado. A tragédia econômica 

de 2025 tem muitos pais, mas esses economistas deixaram suas digitais 

na cena do crime. Lula riscou o fósforo, e eles jogaram a gasolina.

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