Uma pesquisa nacional do Serviço de Proteção ao Crédito
(SPCBrasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que
quase metade dos brasileiros inadimplentes (46,5%) não têm condições de pagar
suas dívidas em atraso nos próximos três meses. Seis em cada dez entrevistados
(61,2%) no estudo
“Perfil do Inadimplente Brasileiro” acreditam que a
situação financeira piorou na comparação com o ano passado, seja em razão do
endividamento (24,4%), porque estão desempregados (16,4%) ou pelo fato da renda
ter diminuído (20,4%). Apenas uma em cada cinco pessoas entrevistadas (20,6%)
tem intenções de pagar e reúne condições para quitar as dívidas integralmente
nos próximos 90 dias.
O levantamento mostra que, na comparação com 2015, o
valor médio total das pendências diminuiu 33,9%, chegando a R$ 3.543,60 – entre
os entrevistados das classes A e B e com idade entre 35 e 64 anos a dívida é
ainda maior, de R$ 5.633,95 e R$ 4.176,29, respectivamente. Porém, a diminuição
do valor total da dívida dos inadimplentes não é um reflexo de uma possível
melhora na capacidade de pagamento desses consumidores.
“Nos últimos anos, a recessão, o desemprego e os efeitos
da inflação enfraquecem o poder de compra das pessoas. Ao mesmo tempo, o acesso
ao crédito se tornou mais restrito, uma vez que os concedentes começaram a
exigir maiores garantias dos tomadores”, explica Roque Pellizzaro, presidente
do SPC Brasil.
Quando indagados sobre os principais motivos para deixar
de pagar as contas atrasadas, percebe-se que a perda do emprego ainda é o fator
de maior impacto, para 28,2% dos entrevistados (33,3% em 2015). Em seguida são
mencionados a diminuição da renda (14,8%, contra 10,5% em 2015), a falta
de controle financeiro e de planejamento no orçamento
(9,6%, contra 21,0% em 2015) e o empréstimo do nome para compras feitas por
terceiros (9,3%, aumentando para 30,0% entre os mais velhos e 9,9% nas classes
C, D e E).
Aluguel, plano de saúde e condomínio são principais
contas em dia
A pesquisa fez um mapeamento do comportamento do
brasileiro inadimplente em relação aos compromissos financeiros que possuem e
também as suas dívidas. As principais contas que os devedores têm são de
serviços básicos de água e luz (57,6%), cartão de loja (47,5%), contas de
telefone (41,9%) e cartão de crédito (40,4%).
Os compromissos que mais se encontram em dia, são o
aluguel (94,9%), o plano de saúde (91,8%) e o condomínio (91,3%). Por outro
lado, considerando as contas em atraso, as principais são relacionadas a
serviços de crédito como empréstimo em bancos ou financeiras (89,6%), parcelas
do cartão de loja (83,9%), cartão de crédito (74,9%) e contas de crediário e
carnês (68,7%). No geral, todas essas pendências em atraso estão nessa situação
há mais de um ano. Os destaques são o longo período de 21,3 meses em média de
parcelas atrasadas de empréstimo de bancos e financeiras, 21,7 meses do cheque
especial e o tempo menor de atraso de sete meses para as contas de água e luz.
O levantamento do SPC Brasil e CNDL também identificou
quais são os principais produtos e serviços que os consumidores compraram e que
os levaram às dívidas e à inadimplência: roupas (45,0%, aumentando para 50,6%
entre as mulheres e 57,7% entre os desempregados), calçados (25,8%) e
eletrodomésticos (17,4%) – 11% nem ao menos se lembram dos produtos comprados.
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