Na
entrega da premiação aos brasileiros campeões da Copa América, em 07/07/19, o
treinador da seleção de futebol, Tite, fez ostensiva demonstração de antipatia
pelo presidente da República.
Ao receber das
mãos de Bolsonaro a medalha de campeão e não mostrar mínima cordialidade, ele
deixou claro que não tinha, no ato, motivo de júbilo e que não ia com a cara do
presidente. Foi deselegante.
Guardadas as
devidas proporções, a encenação fez lembrar o petista André Vargas, um dos
cascudos da quadrilha apanhada na Lava Jato. Em 02/02/2014, na solenidade de
abertura do ano legislativo, com a protocolar presença do ministro Joaquim
Barbosa, presidente do STF (e chefe do Judiciário), Vargas, então deputado
(PT-PR), comportou-se como um impertinente moleque de grêmio estudantil.
Sentado ao
lado do ministro, fez várias vezes o gesto típico de erguer o punho cerrado:
ele imitava a atitude de José Genoino e José Dirceu ao serem presos, condenados
ambos no Mensalão. Vargas ainda teve o deboche de fazer "selfies" com
o ministro. E numa troca de mensagens ao celular com um amigo, disse ter
vontade de dar-lhe uma cotovelada.
Mas, além de
constranger Joaquim Barbosa, relator do Mensalão e algoz de seus amigos
corruptos, era para a "militância" que ele fazia a encenação. Na
codificação petista, aquilo significava "resistência", como a dizer:
"A esquerda não se curva à Justiça!"
Só para
constar, erguer o punho cerrado é um gesto universal dos comunistas, mescla de
ameaça, provocação e tripúdio - arrogância pura.
À época, o
petista era vice-presidente da Câmara, mas sem compreender o significado nem a
liturgia do cargo. E o que fez foi ignorar o simbolismo da presença de Barbosa,
que ali representava um poder da República, o Judiciário. Ao afrontar o
ministro, Vargas revelou seu desrespeito pelas instituições republicanas.
É nesse ponto
que Tite tem um paralelo com Vargas. Ele comanda a seleção canarinho, a qual,
queiramos ou não, tem, para a nação, um caráter simbólico: a nacionalidade se
produz no imaginário do povo. Sem que se lhe superdimensione a importância, o
treinador também é uma instituição e uma entidade que transita no imaginário do
público. Então, será correto ele usar o cargo para expressar sua ideologia?
Ele confundiu
a pessoa do presidente com a instituição. E ao mostrar antipatia por Bolsonaro,
escolhendo lado na bipolaridade da política nacional, provocou forte reação,
sobretudo em redes sociais.
André Vargas,
ano e meio depois da pantomima, foi condenado na Lava Jato a 14 anos e 4 meses
de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Tite, cuja
idoneidade não está em debate, não se confunde com André Vargas, que é um
repulsivo criminoso. Mas se não revisar sua postura, vai acabar sem ambiente no
Brasil, haja vista a reação que sua atitude segue provocando.
Se ele
percebesse as mudanças, talvez adotasse outra atitude: há um ressurgimento dos
símbolos nacionais. Quer dizer, o brasileiro voltou a respeitar seus símbolos e
a devotar amor à pátria.
Para terminar,
fique claro, o seu direito a ter opinião é sagrado. Afinal, foi para defender a
liberdade de pensamento, entre outros valores, que, em 2018, o povo brasileiro
(que ora reage) derrotou o programa de governo que pretendia venezuelizar o
Brasil.
Renato
Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.
E-mail do
autor: sentinela.rs@uol.com.br
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