“Companheiras
e companheiros do PT,
Convidados de todo o Brasil e de outros países,
Minhas amigas, meus amigos,
Esperei muito tempo para poder falar livremente ao povo
brasileiro. Esse dia finalmente chegou, e minha primeira palavra tem de ser de
agradecimento, pela solidariedade, pelo carinho e pelas manifestações de quem
não desistiu de lutar e vai continuar lutando pela verdadeira justiça.
Durante 580 dias fui isolado da família, dos amigos e
companheiros, apartado do povo, mesmo tendo o direito constitucional de
recorrer em liberdade contra a sentença injusta e fraudulenta de um juiz
parcial. Um direito que somente agora foi proclamado pelo Supremo Tribunal
Federal, para todos, sem exceção.
Com as armas da verdade e da lei, continuarei lutando
para que os tribunais reconheçam, agora, que fui condenado por quem sequer
poderia ter me julgado: um ex-juiz que atuou fora da lei, grampeou advogados,
mentiu ao país e aos tribunais, antes de desnudar seus objetivos políticos.
Lutarei para que seja anulada a sentença e me deem o julgamento justo que não
tive.
Aos 74 anos de idade, não tenho no coração lugar para
ódio e rancor. Mas quem nesse país já sofreu a humilhação de uma acusação
falsa, por causa da cor de sua pele ou por sua origem social humilde, conhece o
peso do preconceito e é capaz de sentir o quanto fui ferido em minha dignidade.
E isso não se apaga.
Nada nem ninguém vai devolver o pedaço arrancado da minha
existência, mas quero dizer que aproveitei esses 580 dias para ler, estudar,
refletir e reforçar meu compromisso com o Brasil e com nosso povo sofrido.
Voltei com muita vontade de falar sobre o presente e principalmente sobre o
futuro do Brasil.
Mas logo depois da minha primeira fala, de volta ao
sindicato onde passei o último momento de liberdade, disseram que eu deveria
ter cuidado para não polarizar o país. Que seria melhor calar certas verdades
para não tumultuar o ambiente político, para o PT não provocar uma ameaça à
democracia.
Vamos deixar uma coisa bem clara: se existe um partido
identificado com a democracia no Brasil é o Partido dos Trabalhadores. O PT
nasceu lutando pela liberdade durante a ditadura. Não tentem negar essa verdade
porque nós apanhamos da repressão, fomos perseguidos, presos e enquadrados na
Lei de Segurança Nacional por defender essa ideia.
Desde que foi criado, há quase 40 anos, o PT disputou
dentro da lei e pacificamente todas as eleições neste país. Quando perdemos,
aceitamos o resultado e fizemos oposição, como determinaram as urnas. Quando
vencemos, governamos com diálogo social, participação popular e respeito às
instituições.
Outros partidos mudaram as regras da reeleição em
benefício próprio. Nós rejeitamos essa ideia, mesmo gozando de uma aprovação
que nenhum outro governo jamais teve, porque sempre entendemos que não se pode
brincar com a democracia.
Não fomos nós que falamos em fechar o Congresso, muito
menos o Supremo, com um cabo e um soldado. Em nossos governos, as Forças
Armadas foram respeitadas e os chefes militares respeitaram as instituições,
cumprindo estritamente o papel que a Constituição lhes reserva. Nenhum general
deu murro na mesa nem esbravejou contra líderes políticos.
Não fomos nós que pedimos anulação do pleito só para
desgastar o partido vencedor; que sabotamos a economia do país para forçar um
impeachment sem crime; que sustentamos uma farsa judicial e midiática para
tirar do páreo o candidato líder nas pesquisas.
Não fomos nós os responsáveis, ativos ou omissos, pela
eleição de um candidato que tem ojeriza à democracia; que foi poupado de
enfrentar o debate de propostas, que montou uma indústria de mentiras com
dinheiro sujo, sob a complacência da mesma Justiça Eleitoral que, desacatando
uma decisão da ONU, cassou o candidato que poderia derrotá-lo.
São essas pessoas que agora nos dizem para não polarizar
o país. Como se polarização fosse sinônimo de extremismo político e ideológico.
Como se o Brasil já não estivesse há séculos polarizado entre os poucos que têm
tudo e os muitos que nada têm. Como se fosse possível não se opor a um governo
de destruição do país, dos direitos, da liberdade e até da civilização.
Aos que criticam ou temem a polarização, temos que ter a
coragem de dizer: nós somos, sim, o oposto de Bolsonaro. Não dá para ficar em
cima do muro ou no meio do caminho: somos e seremos oposição a esse governo de
extrema-direita que gera desemprego e exige que os desempregados paguem a
conta.
Somos e seremos oposição a um governo que rasga direitos
dos trabalhadores e reduz o valor real do salário mínimo. Que aumenta a extrema
pobreza e traz de volta o flagelo da fome. Que destrói o meio ambiente. Que
ataca mulheres, negros, indígenas e a população LGBT; ataca qualquer um que
ouse discordar.
Somos, sim, radicais na defesa da soberania nacional, da
universidade pública e gratuita, do Sistema Único de Saúde, público, gratuito e
universal. Nós não somos meia oposição; somos oposição e meia aos inimigos da
educação, da cultura, da ciência e da tecnologia. Nós não aceitamos mais
censura, tortura, AI-5 e perseguição a adversários políticos.
Andam negando essa verdade científica, mas a Terra é
redonda e nós estamos, sim, em polos opostos: enquanto eles semeiam o ódio, nós
vamos mostrar a eles o que o amor é capaz de fazer por este país.
Companheiras e companheiros,
Já foi dito que o PT nasceu para mudar o Brasil. E mudou.
Porque trazemos na origem o compromisso com os trabalhadores, com os mais
pobres, com os que carregaram ao longo de séculos o peso da exclusão e da
desigualdade. Porque pela primeira vez fizemos um governo para todos os
brasileiros e brasileiras, e isso fez toda a diferença em nosso país.
Se fosse para governar apenas para uma parte da
população, o Brasil não precisaria do PT.
Para o mercado decidir quem pode e quem não pode se aposentar,
quanto vai custar o gás de cozinha, o combustível, a energia elétrica, visando
somente o lucro, o Brasil não precisaria do PT.
Se fosse para entregar ao estrangeiro as riquezas
naturais, o petróleo, as águas, as empresas que o povo brasileiro construiu, o
Brasil não precisaria do PT.
Se fosse para queimar a floresta, envenenar a comida com
agrotóxicos, deixar impunes crimes como os de Marielle, Mariana, Brumadinho,
ignorar desastres como o óleo no litoral do Nordeste, quem precisaria do PT?
Para o filho do rico estudar nas melhores universidades
do mundo e o filho do trabalhador ter de largar a escola pra sustentar a
família, o Brasil não precisaria do PT.
Se é para alguns terem mansão em Miami e muitos viverem
debaixo do viaduto; para o rico ficar isento até do imposto de herança e o
trabalhador carregar o peso do imposto de renda, o Brasil não precisaria do PT.
Para manter a mais escandalosa concentração de renda do
planeta Terra, para o rico continuar cada vez mais rico e o pobre ficar cada
dia mais pobre, aí mesmo é que o Brasil não precisaria do PT.
Porque o maior inimigo do Brasil hoje e desde sempre é a
desigualdade, esse vergonhoso fosso em que 1% da população detém 30% da renda
nacional e para a metade mais pobre sobram 17%, as migalhas de um banquete
indecente.
Mas se este país quer superar a chaga imensa da
desigualdade, recuperar a soberania e o seu lugar no mundo, se quer voltar a
crescer em benefício de todos os brasileiros e brasileiras, o Partido dos
Trabalhadores é mais do que necessário: ele é imprescindível.
Esta é a enorme responsabilidade que estamos recebendo. O
Brasil nunca precisou tanto do PT. E o PT tem de ser grande o bastante para
corresponder ao que o país espera de nós. Tem de estar unido, forte e cada vez
mais conectado com o povo brasileiro.
Temos a responsabilidade de renovar o partido,
compreender o que mudou na sociedade brasileira nesses 40 anos e buscar as
respostas para os novos desafios. Fomos forjados na luta em defesa da classe
trabalhadora.
O peso da injustiça recai hoje sobre os motoristas de
aplicativos, os jovens que perdem a saúde e arriscam a vida fazendo entregas em
motos, bicicletas, ou mesmo a pé. Os que não têm a quem recorrer por seus
direitos, porque a única relação de trabalho que conhecem não é a carteira
profissional, mas um telefone celular que ele precisa recarregar
desesperadamente.
Esse é o lugar que resta aos deserdados de um modelo
neoliberal excludente, cada vez mais desumano. Um mundo em que o mercado é deus
e em que a solidariedade deixa de ser um valor universal, substituída por uma
competição individualista feroz.
É com esse mundo novo que o PT precisa dialogar, sem
abrir mão de nossos compromissos históricos, mantendo os pés firmes no presente
e mirando sempre o futuro. Se as formas de exploração mudaram, a injustiça e a
desigualdade permanecem e são cada vez mais cruéis. Temos de estar mais
organizados, mais fortes, conscientes e mais decididos do que nunca a construir
um país mais generoso, solidário e mais justo. É por isso que o Brasil precisa
tanto do PT.
Companheiras e companheiros,
Salvar o país da destruição e do caos social que este
governo está produzindo não é tarefa para um único partido. Fomos eleitos e
governamos em aliança com outras forças do campo popular e democrático. Por
mais que tentem nos isolar, estamos juntos na oposição com partidos da
centro-esquerda e estamos com os movimentos sociais, as centrais sindicais e
importantes lideranças da sociedade.
Embora tantos tenham cometido erros antes e depois dos
nossos governos, é somente do PT que exigem a autocrítica que fazemos todos os
dias. Na verdade, querem de nós um humilhante ato de contrição, como se
tivéssemos de pedir perdão por continuar existindo no coração do povo
brasileiro, apesar de tudo que fizeram para nos destruir. Preciso dizer algumas verdades sobre isso.
O maior erro que nós cometemos foi não ter feito mais e
melhor, de uma forma tão contundente que jamais fosse possível esse país voltar
a ser governado contra o povo, contra os interesses nacionais, contra a
liberdade e a democracia, como está sendo hoje.
Deveríamos ter feito mais universidades do que fizemos,
mais reforma agrária, mais Luz Pra Todos, mais Minha Casa Minha Vida, mais
Bolsa Família e mais investimento público.
Teríamos de ter conversado muito mais com o povo e com os
trabalhadores, conversado mais com os jovens que não viveram o tempo em que o
Brasil era governado para poucos e não para todos.
Também tínhamos de ter trabalhado muito mais para
democratizar o acesso à informação e aos meios de comunicação, apoiado mais as
rádios comunitárias, fortalecido mais a televisão pública, a imprensa regional,
o jornalismo independente na internet.
Antes que a Rede Globo me acuse outra vez pelo que não
disse nem fiz, não ousem me comparar ao presidente que eles escolheram. Jamais
ameacei e jamais ameaçaria cassar arbitrariamente uma concessão de TV, mesmo
sendo atacado sem direito de resposta e censurado como sou pelo jornalismo da
Globo.
Eu sempre disse que jamais teria chegado onde cheguei se
não tivesse lutado pela liberdade de imprensa. Hoje entendo, com muita
convicção, que liberdade de imprensa tem de ser um direito de todos, não pode
ser privilégio de alguns.
Não pode um grupo familiar decidir sozinho o que é
notícia e o que não é, com base unicamente em seus interesses políticos e
econômicos.
Entendo que democratizar a comunicação não é fechar uma
TV, é abrir muitas. É fazer a regulação constitucional que está parada há 31
anos, à espera de um momento de coragem do Congresso Nacional. É fazer cumprir
a lei do direito de resposta. E é principalmente abrir mais escolas e
universidades, levar mais informação e consciência para que as pessoas se
libertem do monopólio.
Enfim, penso que teríamos de ter lutado com mais vontade
e organização, fortalecido ainda mais a democracia, para jamais permitir que o
Brasil voltasse a ter um governo de destruição e de exclusão social como voltou
a ter desde o golpe de 2016.
A autocrítica que o Brasil espera é a dos que apoiaram,
nos últimos três anos, a implantação do projeto neoliberal que não deu certo em
lugar nenhum do mundo, que vai destruir a previdência pública e que ao invés de
gerar os empregos que o povo precisa está implantando novas formas de
exploração.
A autocrítica que a democracia e o estado de direito
esperam é daqueles que, na mídia, no Congresso, em setores do Judiciário e do
Ministério Público, promoveram, em nome da ética, a maior farsa judicial que
este país já assistiu.
O mundo hoje sabe que, ao contrário de combater a
impunidade e a corrupção, a Lava Jato corrompeu-se e corrompeu o processo
eleitoral e uma parte do sistema judicial brasileiro. Deixou impunes dezenas de
criminosos confessos que Sérgio Moro perdoou e que continuam muito ricos.
Como podem dizer que combateram a impunidade se soltaram
pelo menos 130 dos 159 réus que ele mesmo havia condenado? Negociaram todo tipo
de benefício com criminosos confessos, venderam até o perdão de pena que a lei
não prevê, em troca de qualquer palavra que servisse para prejudicar o Lula.
Que ética é essa que condena 2 milhões de trabalhadores,
sem apelação, destruindo empresas para salvar os patrões acusados de corrupção?
Não tem moral, não tem autoridade para discutir ética
quem deu cobertura aos procuradores de Deltan Dallagnol e Rodrigo Janot quando
eles entregaram a Petrobrás aos tribunais dos Estados Unidos, um crime de
lesa-pátria que já custou quase 5 bilhões de dólares ao povo brasileiro.
Temos muito o que falar sobre ética, sobre combate à
corrupção e à impunidade. Mas acima de tudo temos que falar a verdade.
Meus amigos e minhas amigas,
Alguns professores de deus defendem um modelo suicida de
austeridade fiscal e redução do estado, que não deu certo em nenhum lugar do
mundo. Tiveram o apoio da mídia e das instituições para culpar os governos do
PT por tudo de ruim que havia no Brasil. Mentiram que tirando o PT do governo
tudo se resolveria, por obra do mercado e do ajuste fiscal. E os problemas se
agravaram ainda mais.
Os indicadores econômicos do Brasil pioraram: a balança
comercial em queda, a economia paralisada, setores da indústria destruídos, o
investimento público e privado inexistente, o rombo nas contas aumentado
irresponsavelmente por razões políticas. O custo de vida dos pobres aumentou e
as pessoas voltaram a cozinhar com lenha porque não podem comprar um botijão de
gás.
É preciso dizer umas verdades sobre isso também.
A primeira delas é que o Brasil só não quebrou ainda por
causa da herança dos governos do PT. Por causa dos 370 bilhões de dólares em
reservas internacionais que acumulamos e querem queimar na conta dos juros. Por
causa dos mercados internacionais que abrimos e que uma política externa
irresponsável está fechando. Por causa do pré-sal que descobrimos e que estão
vendendo na bacia das almas.
O Brasil só não está passando por uma convulsão social
extrema por causa da herança dos governos do PT. Porque não conseguiram acabar
com o Bolsa Família, último recurso de milhões de deserdados. Porque milhões de
famílias ainda produzem no campo, para onde levamos água, energia, tecnologia e
recursos em nosso governo. E também porque não conseguiram destruir ainda os sistemas
públicos de saúde, educação e segurança, mas fatalmente isso irá ocorrer pela
criminosa política de cortes do investimento público.
Sempre acreditei que o povo brasileiro é capaz de
construir uma grande Nação, à altura dos nossos sonhos, das nossas imensas
riquezas naturais e humanas, neste lugar privilegiado em que vivemos. Já
provamos que é possível enfrentar o atraso, a pobreza e a desigualdade,
desafiando poderosos interesses contrários ao país e ao povo.
Soberania significa independência, autonomia, liberdade.
O contrário é dependência, servidão, submissão. É o que está acontecendo hoje.
Estão entregando criminosamente a outros países as empresas, os bancos, o
petróleo, os minerais e o patrimônio que pertence ao povo brasileiro. Trair a
soberania é o maior crime que um governo pode cometer contra seu país e seu
povo.
A Petrobrás está sendo vendida em fatias a suas
concorrentes estrangeiras.
Fiquem alertas os que estão se aproveitando dessa farra
de entreguismo e privatização predatória, porque não vai durar para sempre. O
povo brasileiro há de encontrar os meios de recuperar aquilo que lhe pertence.
E saberá cobrar os crimes dos que estão traindo, entregando e destruindo o
país.
Tão importante quanto defender o patrimônio público
ameaçado é preservar os recursos naturais e nossa riquíssima biodiversidade.
Utilizar esse patrimônio, fonte de vida, com responsabilidade social e
ambiental.
Um país que não garante educação pública de qualidade a
todas as suas crianças, adolescentes e jovens não se prepara para o futuro.
Mas parece que enfiaram o Brasil à força numa máquina do
tempo e nos enviaram de volta a um passado que a gente já tinha superado. O
passado da escravidão, da fome, do desemprego em massa, da dependência externa,
da censura, do obscurantismo.
O Brasil precisa embarcar de volta para o futuro. E não
tem ninguém melhor para pilotar essa máquina do tempo do que a juventude desse
país. Porque essa juventude, seja ela branca, negra ou indígena, ela quer
ensino de qualidade, quer adquirir conhecimento, quer de volta as oportunidades
de trabalho digno, sem alienação e sem humilhações.
Essa juventude quer e merece um mundo melhor do que este
em que estamos vivendo.
Hoje me coloco à disposição do Brasil para contribuir
nessa travessia para uma vida melhor, vida em plenitude, especialmente para os
que não podem ser abandonados pelo caminho.
Sem ódio nem rancor, que nada constroem, mas consciente
de que o povo brasileiro quer retomar a construção de seu destino; de que temos
de fazer juntos um Brasil soberano, democrático, justo, em que todos e todas
tenham oportunidades iguais de crescer e sonhar.
O futuro será nosso, o futuro será do Brasil!
Muito Obrigado!
Luiz Inácio Lula da Silva”
Noffaaa!!! Eu quase acreditei nessa missiva (ironia), depois vi quem era o missivista, é o meliante que por obra do seu advogado d estimação, vulgo amigo do amigo d meu pai, está solto, porém, continua sendo um criminoso da pior espécie, um facínora que mente que nem sente, dizendo que pode "salvar" o país que o mesmo destruiu, que roubou sistematicamente o erário público e d quebra roubou a esperança e a dignidade do povo brasileiro, mas, Deus em sua infinita bondade e misericórdia nós salvou a todos dessa criatura desprezível e nefasta..Em algum momento que a terra lhe seja leve.
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