Jornalismo indecente

 No editorial que publica na sua edição de hoje, intitulado "Oposição indecente", o Estadão volta a fazer jornalismo indecente, ao criticar o governador de Minas, Romeu Zema, do Novo, que em entrevista para a Rádio Gaúcha, Porto Alegre, criticou o vandalismo do dias 8, mas não deixou de chamar a atenção para a presença de infiltrados e também para as omissões do governo Lula, que tira proveito político indisfarçável do que aconteceu.

O leitor deste blog é convidado a ler o cartapácio indecente do jornal, ferrenho opositor do governo Bolsonaro, já que o diário foi e é uma das pontas de lança do Eixo do Mal (o sistema), derrotado fragorsamente em 2018 e em 2022.

A seguir, para ler.

Com a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro e sua subsequente fuga para o doce exílio na Flórida, criou-se uma oportunidade de ouro para que a direita civilizada finalmente se descolasse do fardo imoral e antidemocrático representado pelo bolsonarismo. Em pouco tempo – porque em política não há vácuo –, apareceram vários candidatos a ocupar a liderança desse segmento. Se ainda não se sabe bem qual é o perfil ideal desses novos dirigentes, sabe-se muito bem o que eles não devem ser: uma cópia mal-ajambrada de Bolsonaro, pois este representa, acima de qualquer dúvida razoável, tudo aquilo que a direita democrática deve incondicionalmente rejeitar.


No entanto, com a boca entortada pelo uso do cachimbo bolsonarista, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tido como um dos mais fortes postulantes nessa disputa, mostrou que a torpeza ainda domina os espíritos dos que deveriam, ao contrário, colaborar para restaurar a estabilidade do País. Ao comentar a intentona bolsonarista em Brasília no dia 8 de janeiro, o sr. Zema, em entrevista à Rádio Gaúcha, declarou: “Me parece que houve um erro da direita radical, que é minoria. Houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizesse de vítima. É uma suposição. Mas as investigações vão apontar se foi isso”.


Ou seja, para o sr. Zema, a barbárie bolsonarista foi um mero “erro”, e não um crime contra os Poderes constituídos e a democracia, ao passo que o governo Lula, segundo a maliciosa interpretação que viceja nos esgotos da internet, teria feito corpo mole para facilitar a vida dos vândalos e, em seguida, reclamar o papel de vítima. Fiel ao método bolsonarista de lançar dúvidas no ar para sugerir que há algum complô em curso, o sr. Zema acrescentou que se tratava apenas de uma “suposição”.


Não é digno de um governador de Estado fazer esse tipo de “suposição” motivado por seus interesses políticos pessoais. Menos ainda de alguém que tem a pretensão de liderar um segmento muito expressivo da sociedade brasileira, que não se sente representado pelas forças políticas que saíram vitoriosas da eleição de 2022.


A oposição de que o País necessita, já defendemos nesta página, deve ser exercida de forma leal, republicana, com respeito ao interesse público, aos interlocutores, à verdade factual, às leis e à Constituição. Deve ainda servir como força motriz de um processo de distensão sem o qual o tecido social pode se romper de tal forma que sua reparação se torne praticamente impossível. O que menos o Brasil precisa neste momento grave é de lideranças políticas que fomentem o caos por meio de aleivosias, conspirações e estímulos à hostilidade entre os cidadãos.


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É perfeitamente plausível que os aparatos de inteligência e segurança montados pelo novo governo federal tenham, de fato, cometido falhas. Daí a insinuar que essas falhas teriam sido deliberadas, a fim de produzir supostos ganhos políticos para um governo em seus primeiros dias, vai uma distância que beira a indecência.


Ademais, o presidente Lula não foi nem de longe a principal vítima da sanha destruidora dos extremistas, muito menos o seu governo, que mal começou. A presa maior sob as garras da malta bolsonarista foi a democracia brasileira. Não alcançar a real dimensão dos fatos, nesse caso em particular, é má-fé ou ingenuidade. E nem uma coisa nem outra são atributos de quem pretende liderar a oposição ao PT com responsabilidade.


Sejam quais forem as diferenças a separar os brasileiros neste momento, manda a decência que se reconheça, sem tergiversações, que a grande inspiração para o assalto à democracia no dia 8 foram as inúmeras declarações golpistas de Bolsonaro, e não um suposto complô maquiavélico do lulopetismo. Quem não for capaz disso não tem condições de conduzir a oposição numa democracia saudável.


Este jornal se sente no dever de afirmar que, definitivamente, o espírito que deve animar a postulação do cargo de liderança da oposição ao governo de Lula da Silva é outro, diametralmente oposto ao manifestado pelo governador Zema.

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