A falência do sistema político coloca o presidente num dilema
fundamental
O mundo político preocupado em encontrar uma ampla saída
para a crise desistiu de imaginar que a relação entre os Poderes possa ser
fundamentalmente distinta da atual. O presidente Jair Bolsonaro oscila entre
tapas e beijos no trato com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, postura
difícil de se chamar de “conduta tática” (se é que existe um objetivo
estratégico). É simplesmente ao sabor dos acasos quase diários da política
cotidiana. Portanto, de baixa previsibilidade.
Ocorre que é o nó político que precisa ser desatado
quando se pensa em qualquer questão fundamental: gastos públicos, reforma
tributária, insegurança jurídica. Goste-se ou não das escolhas consolidadas nas
urnas em outubro, é obrigatório reconhecer que a onda disruptiva tornou ainda
mais precário o funcionamento de um sistema de governo que opõe um chefe do
Executivo muito forte a um Legislativo cheio de prerrogativas, mas fracionado e
com partidos políticos que, em sua maioria, nem merecem esse nome. Receita para
um desgaste permanente, de parte a parte.
Em outras palavras, a transformação empurrada em boa
parte pelo lavajatismo, e seu esforço em estabelecer um controle externo ao
sistema político, agravou o fator de crise “estrutural” das instâncias que se
mostram há muito tempo incapazes de lidar com questões como a fiscal – para
falar apenas do problema mais agudo de curtíssimo prazo. O fenômeno é de amplo
alcance e transcende os nomes de Jair e Rodrigo (e de Toffoli também). Daí a
forte desconfiança (total descrédito talvez fosse a melhor expressão) com que
foi recebido o tal “pacto entre Poderes”. Fatores de longo e curto prazos
combinaram-se para a atual tempestade perfeita.
Essa tempestade se caracteriza pela imensa dificuldade
percebida em “arrancar” em alguma direção – e não é por falta de diagnóstico ou
de palavras. O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi apenas o último a dizer,
na Câmara, na terça-feira, que a economia está estagnada há muito tempo, que,
sem reformas (além da Previdência), o País não cresce, que a jovem força de
trabalho precisa de emprego e aumento de produtividade. E que ele preferia um
novo pacto federativo, descentralizador.
O problema é a percepção de que pouco acontece nessa
direção. Talvez voluntariamente Guedes expresse uma noção que se amplia nas
elites. O de que o nó político é muito mais do que o “toma lá, dá cá” nas
relações entre Executivo e Legislativo, nas quais se concentra o já monótono
noticiário político de cada dez minutos. Que a corrupção é um problema
importante, mas nem sequer o pior. Que a insegurança jurídica, além dos
problemas velhos do Judiciário, vem também de decisões políticas do Supremo. E
que no público em geral, descrente das instituições (inclusive imprensa),
cresce uma raivosa impaciência em relação a “tudo”.
Jair Bolsonaro pode achar que essa raiva lhe favorece no
ímpeto declarado de romper o nó político. Por ele entendido até aqui na acepção
mais reduzida, a do “toma lá, da cá”. Conscientemente ou não, é formidável o
dilema no qual o presidente se colocou: respeitar e ao mesmo tempo desprezar as
regras do “sistema” político – que está falido na sua acepção mais ampla. Se
ele acha que o dilema tem saída, ainda não deixou exatamente claro com quais
meios, além dos apelos à sua base fiel. Nesta semana, quando atravessou a
Esplanada e foi ao Congresso, foi falar de pontos na carteira de motorista.
Enquanto a “arrancada” da estagnação política e econômica
sugerida pelos eventos de 2018 está se fazendo esperar.
WW É MAIS UM TUCANO FABIANO METENDO A COLHER PARA ENTORNAR O CALDO!!! O DESESPERO DESSA TURMA FAZ SAÍREM DO ARMÁRIO! ASSIM REINALDA AZEDA, MARCO ANTONIO VILLÃO, E MUITO OUTROS.
ResponderExcluirA classe politica no Brasil esta toda Doente, em estado terminal
ResponderExcluir