Jornalista/gilbertojasper@gmail.com
Ir à praia no verão é uma instituição igual à Semana Farroupilha e o grenal. Quem vem de fora e se aquerencia no RS aprende logo o que significa a expressão “no findi a gente vai pra praia”. Na infância, meu avô tinha um chalé de madeira em Tramandaí. Adultos levam dias para “desenterrar” as janelas cobertas de areia. As mulheres corriam para deixar tudo limpo para aproveitar a casa cheia de amigos e de famílias amigas que só víamos no verão.
Na adolescência acordava no escuro, mochila às costas em direção à free way para tentar uma carona rumo à praia. Foram várias aventuras, às vezes com muito medo como passageiro de aprendizes de motoristas. Depois, como jornalista, participei de inúmeras “coberturas de praia” como repórter. A redação era no primeiro andar do Hotel Beira-Mar, onde a maioria dos veículos de comunicação da época montavamm seus QGs.
À época – final da década de 80/início de 90 – a invasão de argentinos marcou época. Os hermanos hipnotizavam balconistas, gerentes de hotéis, garçons e vendedores. Para nós, nativos, os preços eram proibitivos. Por isso, arrastávamos enormes caixas de isopor à beira mar contendo cerveja, refrigerante e água com muito gelo.
Gosto muito de praia, de banhos no final do dia quando a noite chega de mansinho. Há muito tempo, porém, não vou ao litoral. Acho muito cansativo pegar a estrada no final da sexta-feira e retornar domingo quando a cerveja é proibida por causa do bafômetro. Sonho em ter um imóvel para as ”fugidas” durante o ano e descansar do burburinho da cidade grande e do calorão nos meses de verão.
A romaria rumo à praia atravessa gerações. Muita gente economiza, marca férias em sintonia com os familiares e não liga para os congestionamentos na estrada e as aglomerações no supermercado e sorveterias. Para os gaúchos, o que vale é molhar os pés na água salgada, nem sempre cristalina, mas repleta de esperança de um ano melhor com saúde e otimismo.
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